22/12/2016

Um ano para esquecer

É hora de repensar o ano que passou

Está chegando o fim do ano e com ele a semana das festas, período em que o sentimento natalino reacende a esperança, a compaixão, o amor pelo próximo. É hora de repensar o ano que passou. Contudo, olhando para trás, fica difícil sentir alguma coisa senão desejo de que o tempo passe o mais rapidamente possível e a gente possa trocar o calendário. Não deixará saudade este 2016.

Começamos a odisseia mergulhados numa crise econômica sem precedentes no Brasil. Milhões perderam seus empregos. A renda dos brasileiros virou pó diante do retorno do fantasma da inflação. Vimos uma presidente eleita por mais de 50 milhões de votos ser impedida de continuar no governo por uma tramoia legislativa que contou com o apoio do Judiciário.

A decisão até satisfez o clamor das ruas e das panelas, mas, definitivamente, não contou com o respaldo da Constituição Federal. Sem alternativa, no entanto, nos entregamos de corpo e alma à República das Togas, para descobrir logo ali adiante que tudo não passava de uma negociata sobre supersalários. O amor entre Legislativo e Judiciário não durou muito, e assim que a missão foi cumprida, os Poderes começaram a se estranhar.

Assistimos então a batalha de egos da Esplanada. Não sem antes ver caírem, um por um, os nomes do novo governo, todos enlameados na Operação Lava-Jato. Ora, que ingênua surpresa! A confiança, que o senhor mercado tanto bradou ser necessária reconquistar, mal tirou os olhos debaixo do cobertor para espiar o cenário e voltou a se cobrir, esperando por dias melhores. Nossa economia patina mais do que nunca e não há, em horizonte visível, expectativa de que volte a andar.

Não bastassem nossas mazelas internas a matar qualquer fio de esperança, vivemos num mundo que elegeu um racista, misógino e xenófobo como presidente do país mais poderoso do planeta e no qual há empresários dispostos a assassinar times inteiros para economizar alguns poucos litros de combustível. Já estamos tão insensíveis que nada é feito enquanto uma cidade e seus cidadãos, civis, mulheres e crianças, são dizimados da face da terra.

Atentados terroristas só mudam de endereço e de país, e nos limitamos a contar os mortos e feridos. Que mundo é esse? perguntava a manchete do Correio de terça-feira. Repito: Que mundo é esse? Que país é esse? Que ano foi esse? Acaba, 2016.  

(Simone Kafruni - Correio Web)

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