10/10/2016

Sinais de retomada econômica

A economia do Brasil está em sua mais profunda recessão em décadas e o espaço para apoiar a demanda é limitado

A percepção de que o Brasil está saindo do fundo do poço, apesar de ainda haver recessão e desdobramentos dos escândalos de corrupção, aos poucos ganha forma em avaliações e indicadores. Relatório divulgado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) avalia que o impacto do escândalo de corrupção da Petrobras na atividade econômica do Brasil deve diminuir lentamente, contribuindo para a recuperação do investimento no país e do retorno ao crescimento econômico.

O FMI diz que alguns indicadores sugerem que a recessão brasileira pode estar próxima do fim. "Mas a implementação das reformas para resolver problemas estruturais, incluindo na arena fiscal e que restaurem a credibilidade na política de forma durável, permanece incerta." A previsão da instituição é que o país cresça 0,5% em 2017, mas ainda há um cenário de baixa expansão pela frente, de 2%. Por isso, o Fundo argumenta que é essencial o avanço de reformas estruturais.

A expectativa do FMI é que a política monetária permaneça apertada no curto prazo. "No médio prazo, a expectativa é que a inflação convirja lentamente para centro da meta." Além disso, a expectativa é de queda adicional do crédito, ainda refletindo a recessão econômica. O FMI alerta que os riscos de piora dominam o cenário para a economia brasileira e que eventos domésticos continuam a ser os principais para a economia. O temor mais imediato é o da implementação das medidas de ajuste do presidente Michel Temer, sobretudo na área fiscal, de acordo com o documento. "Com alta e crescente dívida bruta no horizonte previsto, os riscos de piora dominam o cenário."

"A economia do Brasil está em sua mais profunda recessão em décadas e o espaço para apoiar a demanda é limitado , ressalta o documento. A crise política, segundo o FMI, ajudou a agravar a recessão ao paralisar o avanço da política econômica e afetar pesadamente a confiança de empresários e consumidores. Ao mesmo tempo, a estratégia do governo anterior acabou piorando as contas fiscais, que agora precisam ser ajustadas.

Consumidores

E a percepção de melhora é registrada também pelo Índice Nacional de Expectativa do Consumidor (Inec) divulgado ontem pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). Segundo a entidade, a confiança do consumidor melhorou em setembro, de acordo com levantamento. O Inec subiu 1,1% no mês passado em relação a agosto e chegou a 103 pontos. O indicador registrou alta de 7,1% ante setembro do ano passado, mas ainda está abaixo da média histórica, de 108,9 pontos. Segundo a CNI, o consumidor está mais otimista em relação à inflação, desemprego e situação financeira, mas as expectativas em relação à renda pessoal pioraram em relação ao mês anterior.

Entre os itens que compõem o indicador, o índice de expectativas sobre a inflação aumentou 3,6% em setembro na comparação com agosto. Em relação a setembro de 2015, a alta é de 21,1%, o que reflete uma melhora na preocupação do consumidor em relação à evolução dos preços. As expectativas em relação ao desemprego subiram 2,4% ante agosto e 14,8% na comparação com setembro de 2015. Também houve melhora no índice de expectativas em relação ao endividamento, com aumento de 2,7% relativamente a agosto e 6,5% ante setembro de 2015, e no indicador de expectativas sobre a situação financeira, que subiu 3,1% ante agosto e 8% ante setembro do ano passado.

Em relação a agosto, pioraram as expectativas do consumidor em relação a renda pessoal e compras de maior valor, com queda de 2,4% e 0,9%, respectivamente. Na comparação com setembro de 2015, a expectativa para a renda pessoal teve alta de 7%. O único item que registrou piora na comparação com setembro de 2015 foi de compras de maior valor, com queda de 2,7%. Entre as compras de maior valor estão automóveis, eletrodomésticos e móveis. O levantamento foi realizado entre os dias 20 e 25 de setembro em 143 municípios, em parceria com o Ibope. Ao todo, 2.002 pessoas foram entrevistadas.  

(Estado de Minas-08.10)

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