06/06/2016

IPCA de março deve ser metade da Tx registrada em fevereiro

IPCA desacelerou para 0,45% neste mês, metade da taxa de 0,90% registrada em fevereiro

Embora os alimentos tenham voltado a ganhar algum fôlego na segunda quinzena de março, esses preços foram, novamente, a principal influência de baixa na inflação do mês, avaliam economistas. Segundo a estimativa média de 22 instituições financeiras e consultorias ouvidas pelo Valor Data, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) desacelerou para 0,45% neste mês, metade da taxa de 0,90% registrada em fevereiro.

As projeções para o indicador oficial de inflação, a ser divulgado amanhã pelo IBGE, vão de alta de 0,36% até 0,52%. Como, em março de 2015, o IPCA havia subido 1,32%, o índice acumulado em 12 meses deve recuar bastante na passagem mensal, de 10,36% para 9,41%.

Entre fevereiro e março, a inflação do grupo alimentação e bebidas, que tem maior peso no indicador, cedeu de 1,06% para cerca de 0,90%, estima Rafael Leão, economista da Parallaxis, mas subiu em relação ao IPCA-15 deste mês, quando ficou em 0,77%. Segundo Leão, a alta na comparação de curto prazo apareceu também nos indicadores semanais de preços, e é explicada principalmente pela deflação menor em itens como tubérculos, raízes e legumes, que tiveram sua oferta reduzida após um período de chuvas intensas.

"Na última quinzena de março, estimamos que a alta dos preços dos alimentos - mesmo que seja mais moderada ante o IPCA de fevereiro - será mais elevada comparativamente ao IPCA-15, o que de certa forma, já foi sinalizado pelos IPCs da Fipe e do IGP-M", concorda Eduardo Velho, da INVX Global Partners. Em seus cálculos, o indicador oficial de inflação cedeu para 0,47%.

O ganho de fôlego dos alimentos deve ser um choque de oferta temporário, avalia Leão, da Parallaxis, e a tendência é que os alimentos voltem a mostrar taxas mais comportadas a partir do IPCA fechado de abril. "Entraremos em um período com regime de chuvas menos volumoso", disse o economista, para quem o IPCA aumentou 0,48% em março.

Outra ajuda importante à inflação do mês atual, lembra Leão, virá da tarifa de eletricidade, devido à mudança da bandeira tarifária amarela para verde. Com a alteração, não serão mais cobrados os R$ 1,50 adicionais a cada 100 quilowatt-hora consumidos nas contas de luz.

A energia elétrica já proporcionou alívio à inflação de março, quando houve a passagem do primeiro patamar da bandeira vermelha para a amarela. Em função da redução dos gastos com energia e, também, da nova metodologia do cálculo do bônus da taxa de água e esgoto na cidade de São Paulo, a LCA Consultores estima que os preços de habitação recuaram 0,49% na última medição do IPCA, ante queda de 0,15% em fevereiro. Há, ainda, a expectativa de moderação do aumento de aluguel residencial, observa a consultoria.

A LCA também destaca a descompressão sazonal do grupo educação, que deve ter desacelerado de 5,9% para 0,66%, e a retração de 0,91% esperada para os preços de comunicação, devido à queda na tarifa de telefonia fixa.

Ainda dentro dos grupos que devem ter contribuído com a inflação mais modesta no mês passado, o de transportes reduziu sua alta para 0,29%, depois de subir 0,62% na medição anterior, afirma Leão, da Parallaxis. A maior contribuição negativa, diz, ficou por conta das passagens aéreas, que recuaram 10,79% no IPCA-15 de março, variação repetida no índice fechado. Para a LCA, outros preços também devem ter ajudado a moderar a inflação nos transportes, como transporte público, automóvel novo e combustíveis.

Em sentido contrário, os artigos de vestuário aceleraram sua alta de 0,24% para 0,40%, estima Leão, comportamento sazonal após o fim das liquidações, mas mesmo esse avanço não é muito significativo, tendo em vista o cenário de fraqueza da atividade econômica. "Não há espaço para jogar os preços lá em cima."

( Arícia Martins - Valor Online)

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