14/03/2016

Reforma: Adiamento quase certo

Dilma já fala em adiar a reforma da Previdência

A presidente Dilma Rousseff admitiu sexta-feira que pode adiar para o segundo semestre o encaminhamento ao Congresso da reforma da Previdência Social. Até agora, a promessa, reiterada várias vezes pelo ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, era de que uma proposta seria enviada ao Legislativo até o fim de abril. "A reforma da Previdência e a recriação da CPMF têm dificuldades, porque são questões complexas, que estamos avaliando", disse a presidente. "Temos que discutir com as diferentes forças políticas", acrescentou.

Dilma negou que essa nova postura do governo signifique o enfraquecimento de Barbosa. "O ministro não está enfraquecido. Não existe a hipótese de ele deixar o cargo", afirmou a presidente, em entrevista, no Palácio do Planalto. Para a presidente, rumores sobre o desprestígio do titular da Fazenda "cria uma crise política absolutamente negativa para a economia.

As maiores críticas à atuação de Barbosa - em particular à proposta de reforma da Previdência - têm partido do próprio partido da presidente, o PT, e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Na quinta-feira, em São Paulo, lideranças da agremiação se reuniram com Barbosa para manifestar sua insatisfação com a política econômica e as medidas de ajuste fiscal patrocinadas pela Fazenda. Sobre as mudanças na Previdência, o presidente da sigla, Rui Falcão, afirmou que se trata de assunto do qual ele "nem quer ouvir falar".

Questionada sobre as críticas do PT, Dilma respondeu que "não se pode ser Joãozinho do passo certo", sem flexibilidade. "Temos de ver com as diferentes forças políticas como as coisas se darão", afirmou.

Mudanças

Sexta-feira, ainda em São Paulo, Nelson Barbosa voltou a defender a necessidade de reformas estruturais para que a economia volte a crescer. Ele afirmou que é possível aprovar medidas no Legislativo mesmo no atual momento de turbulência política. "O Congresso sempre se dispôs a discutir. Ele tem aprovado as coisas na direção apresentada pelo governo. Existem mudanças aqui e ali, de intensidade, mas, no ano passado, as reformas que encaminhamos foram aceitas, e creio que o mesmo possa acontecer este ano", disse ele.

O ministro comentou que tem conversado com o PT e o PMDB sobre vários temas, incluindo a reforma da Previdência. Segundo ele, nesse ponto as divergências são mais sobre a estratégia política de construção da proposta, e não sobre o mérito das mudanças. "Todos concordam que é preciso preservar a Previdência", disse ele, após reunião com membros do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi).

O encontro, segundo o ministro, fez parte de uma série de reuniões com lideranças políticas, trabalhadores, mercado financeiro e setor empresarial, nas quais o governo apresenta sua estratégia de ações econômicas de curto e médio prazos. "Estamos ouvindo sugestões sobre onde podemos avançar, independentemente de leis ou de medidas que têm de passar pelo Congresso. Existe uma série de mudanças administrativas, de desburocratização, simplificação, que a gente pode adotar. Vamos trabalhar nisso nas próximas semanas", afirmou.

Anseio

Perguntado se recebeu críticas na reunião com os industriais, o ministro da Fazenda disse que as lideranças presentes  expressaram um "anseio" por medidas que melhorem o funcionamento da economia. Além disso, segundo ele, houve "concordância geral" de que é preciso adotar ações para estabilizar a atividade a curto prazo, e, ao mesmo tempo, encaminhar solução para os problemas estruturais.   (Correio Braziliense-12.03)

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