Previdência empresarial
Não terceirize seu plano de vida
A nova Previdência que está sendo discutida pelo Congresso coloca o assunto em evidência em qualquer ambiente no nosso dia a dia. É comum nos depararmos com pessoas que possuem planos empresariais oferecidos por seus empregadores.
Independentemente do tipo de plano, do valor de investimento que o colaborador e seu empregador façam mensalmente, ou dos perfis de fundos oferecidos, é surpreendente como a maioria das pessoas acredita que seu futuro está protegido apenas com a contratação do plano, ou seja, que esses planos - sem acompanhamento - trarão a tranquilidade financeira tão almejada por todos nessa outra fase das nossas vidas.
Obviamente, trabalhar em uma organização que oferece um plano empresarial já é muito melhor do que trabalhar em uma empresa que não o faça. Porém, apenas participar desse plano ou aderir não garantirá a tranquilidade no futuro. A maioria dos planos atualmente oferecidos aos colaboradores das organizações são planos estruturados na modalidade de contribuição definida, em que o colaborador investe um percentual do seu salário e a empresa o acompanha até um limite estipulado.
Sob a ótica de investimento é excelente, pois a cada contribuição realizada pelo colaborador a empresa também investe e muitas vezes o funcionário verifica um retorno na mesma hora de 100% do seu investimento em cada aporte mensal, respeitando as regras no caso de desligamento da empresa. O "x da questão" é que esses planos são estruturados para oferecer um determinado nível de benefício após 25 anos ou mais de contribuição, considerando, na maioria dos planos, a expectativa de recebimento do benefício teto da Previdência Social.
Tanto na adesão ao plano como no decorrer do tempo, na realidade vemos que muitos dos colaboradores não assumem a responsabilidade de acompanhar esse benefício com avaliação dos níveis de contribuição. Para o funcionário ter um melhor benefício, sua contribuição deverá ser maior do que a contribuição da empresa. Depois da adesão, a falta de preocupação é ainda maior com a ausência de acompanhamento da contribuição com simulações durante sua carreira ativa. A grande maioria não sabe ou não lembra onde esses recursos estão sendo investidos, quais seus retornos, se faz sentido para o seu perfil de investidor e se estão adequados aos seus estágios de vida.
Para exemplificar, um cidadão que ganha R$ 8 mil e contribui com 5% do seu salário - contando com a contrapartida de mais 5% da empresa - e consegue inserir mais 5% por conta própria, terá uma renda mensal vitalícia de 46% do seu salário em atividade. Se ele mantivesse apenas os 5% (mais a quantia da empresa), o valor de sua renda aos 62 anos seria de aproximadamente 31%. Esse ganho de 15 pontos percentuais entre contribuir mais ou não pode fazer a diferença no futuro. Para que o seu plano de previdência seja suficiente para o seu projeto de vida, faça simulações constantemente. Sua capacidade de investimento pode ser maior do que a que faz regularmente.
Portanto, avalie se não é o caso de você aumentar o investimento mensal no seu plano de previdência empresarial. Esses planos têm características tributárias diferenciadas e você precisa levá-las em consideração. Como exemplo, tem a dedutibilidade de até 12% da renda tributável para quem faz a declaração completa do Imposto de Renda da pessoa física. E, por último, e não menos importante, acompanhe os rendimentos dos seus fundos e avalie periodicamente se o perfil de risco desses fundos faz sentido para seu atual momento de vida.
Não terceirize seu projeto de vida, assuma a responsabilidade desse produto financeiro. Afinal, a empresa em que você trabalha deu o pontapé inicial, mas não é responsável pelo seu projeto. O protagonista é você!
(Wagner Gomes – Valor)