20/11/2015

Planos

Planos de previdência tem recorde em captação

A mudança de regras na Previdência Social fez o tema aposentadoria ressurgir com força nos investimentos. Preocupados com o futuro incerto dos benefícios do INSS, mais brasileiros passaram a aplicar em planos de previdência privada. 

A captação de janeiro a setembro bateu recorde, foram R$ 26,1 bilhões, crescimento de 45,8% ante o mesmo período do ano passado (R$17,9 bilhões). Enquanto a indústria de fundos amarga uma saída líquida (aplicações menos resgates) de R$ 30,2 bilhões no acumulado em 12 meses, a previdência privada tem captação de R$ 39,4 bilhões. 

Nem mesmo a renda fixa, queridinha dos investidores em momentos de juro alto, tem tido um bom desempenho. Em 12 meses, até 27 de outubro, os saques superaram as aplicações em R$ 254 bilhões, segundo a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima). 

Parte da explicação para o protagonismo da previdência está na crise fiscal e econômica. Para diminuir o rombo nas contas públicas, o governo alterou a regra da aposentadoria, que agora irá se basear na fórmula conhecida como regra 85/95. A solução é apenas paliativa e espera-se que o governo proponha a idade mínima em 60 e 65 anos, respectivamente, para mulheres e homens. 

"Em momentos de crise, onde se comenta muito as dificuldades do Estado de manter os benefícios da previdência, aumenta a consciência do público de que pra ter uma aposentadoria digna, já que ele tem perspectiva de viver mais anos, será preciso ter mais condição financeira", diz o vice-presidente da Federação Nacional de Previdência Privada e Vida (FenaPrevi), Lúcio Flávio de Oliveira. Momentos como o que o Brasil passa ajudam o investidor a perceber que ele é o responsável por fazer uma poupança previdenciária, segundo Oliveira. 

A crise econômica também influenciou a tomada de decisão. "A inflação em alta corrói o poder de compra dos consumidores, o que deixa as pessoas preocupadas com o futuro. Elas entendem que é necessário ter uma aposentadoria complementar", afirma a diretora da Anbima, Luciane Ribeiro. 

Longo prazo. A própria natureza da previdência, um produto essencialmente voltado para o longo prazo, explica o motivo para o baixo número de saques. "O projeto que está vinculado à previdência é de longo prazo. Isso torna o produto menos suscetível a variações do mercado", diz o superintendente comercial da Brasilprev, Guilherme Rossi. 

A diretora de previdência e vida resgatável da Mapfre, Maristela Gorayb, afirma que o "timing" da previdência é diferente. "Se o investidor precisa sacai", opta por tirar de outros produtos primeiro, como os fundos de renda fixa voltados para curto e médio prazos", diz. 

Futuro incerto 

"Em momentos de crise, onde se comenta muito as dificuldades do Estado de manter os benefícios da previdência, aumenta a consciência do público de que pra ter uma aposentadoria digna, já que ele tem perspectiva de viver mais anos, será preciso ter mais condição financeira."  Lúcio Flávio de Oliveira - VICE-PRESIDENTE DA FENAPREVI 

No curto prazo, inclusive, especialistas não consideram os planos de previdência a melhor opção. "Se você tem um objetivo de investir por menos de dez anos tem que fazer muita conta para ver se vale a pena", diz Maristela. Benefícios como a alíquota regressiva de Imposto de Renda, que chega a 10% depois de dez anos de aplicação, só são colhidos no longo prazo. 

Em relação à carteira de investimento, o brasileiro é conservador na previdência. "O investidor buscou menos risco, aplicou na previdência com renda fixa, reflexo do cenário de incerteza", diz a diretora da Mapfre. Historicamente, este tipo de plano lidera o mercado. Com R$ 450 bilhões de patrimônio, a renda fixa representa 96,5% da previdência. O juro alto tem garantido um bom retorno. A previdência renda fixa acumula rentabilidade de 1243% em 12 meses, até 27 de outubro, desempenho maior do que a inflação de outubro medida pelo IPCA-15 (9,77%). 

Na Brasilprev, um dos destaques foram os planos voltados a menores de idade. Rossi afirma que tais planos têm participação significativa na captação por causa da periodicidade. Pais ou outros responsáveis investem todos os meses. 

Desde o ano passado, cresceu 8% o valor do tíquete médio investido nos planos para menores. Em julho de 2014, era de R$ 131 contra R$ 141 do balanço de julho de 2015, o último divulgado pela Brasilprev. "No acumulado dos últimos cinco anos, a alta foi de 40,3%", afirma a gerente da área de Inteligência e Gestão de Clientes da Brasilprev, Soraia Fidalgo. 

*Previdência em alta 45,8% foi o crescimento da captação líquida registrado pelos planos de previdência privada de janeiro a setembro de 2015 na comparação com o mesmo período de 2014. Crescimento tão expressivo foi registrado pela última vez em 2011. 

R$ 39,4 bi foi a captação líquida dos fundos de previdência privada em 12 meses, até 27 de outubro, segundo a Anbima. Na indústria de fundos como um todo, os saques superaram as aplicações em R$ 30,2 bilhões   (Yolanda Fordelone - O Estado de S.Paulo-02.11)

Para melhorar a sua experiência utilizamos cookies essenciais e de acordo com a nossa Política de Privacidade, ao continuar navegando, você declara que concorda com estas condições.