26/04/2017

Déficit primário atingiu R$ 8,7 bi em março

Resultados fiscais do setor público continuam bastante negativos

Enquanto o governo centra esforços na aprovação da reforma trabalhista e da Previdência, os resultados fiscais do setor público continuam bastante negativos. De acordo com a média das 15 projeções de instituições financeiras e consultorias ouvidas pelo Valor Data, o governo central (Tesouro, BC e Previdência) registrou déficit primário de R$ 8,7 bilhões em março, depois de um déficit de R$ 26,3 bilhões em fevereiro. Em relação ao mesmo mês do ano passado, porém, o resultado deve continuar a piorar, já que em março de 2016 o déficit registrado foi de R$ 7,9 bilhões. As estimativas para o número que o Tesouro Nacional divulga amanhã variam de saldo negativo de R$ 6,8 bilhões a déficit de R$ 10,8 bilhões. Em 12 meses, o rombo fiscal deve aumentar para R$ 153 bilhões no período encerrado em março, depois de alcançar R$ 151,1 bilhões até fevereiro.

Na sexta-feira, o BC publica o resultado primário do setor público consolidado, com contas dos Estados e municípios. A expectativa de 13 economistas é que o resultado do setor público consolidado seja negativo em R$ 11,7 bilhões no mês. Em 12 meses, o rombo nas contas deve alcançar R$ 148,3 bilhões, ou 2,4% do PIB. Para o Bradesco, o governo central deve ter registrado déficit de R$ 10,8 bilhões no mês passado, diante da perspectiva de que a arrecadação ficou estável no período. Nas contas do banco, o recolhimento de tributos federais alcançou R$ 98,4 bilhões em março, crescimento nulo em relação ao mesmo período do ano anterior. A projeção está em linha com dados do Tesouro Gerencial, o sistema de registro de despesas e receitas do governo federal, coletados pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre-FGV). Segundo levantamento dos economistas José Roberto Afonso, Vilma da Conceição Pinto e José Ricardo Guimarães Júnior, a arrecadação total foi de R$ 98,2 bilhões em março.

A Receita Federal divulga os dados hoje. Já a Tendências tem projeção levemente mais otimista para o desempenho da arrecadação no mês, o que leva a uma estimativa de déficit do governo central um pouco menor do que observado em igual mês do ano passado. Segundo cálculos do economista Fabio Klein, a receita alcançou R$ 101,8 bilhões no mês passado, o que representaria crescimento de 1,7% sobre igual período de 2016, de acordo com valores já corrigidos pela inflação. Para Klein, esse desempenho resultaria em crescimento de 1% da receita nos três primeiros meses do ano, um resultado em linha com o desempenho mais positivo mostrado pelas pesquisas mensais do comércio e de serviços no período. Com esse resultado, estima ele, o déficit do governo central seria de R$ 7,2 bilhões em março, levemente inferior ao saldo negativo de R$ 7,9 bilhões observado em igual mês de 2016. Para ele, essa pequena melhora seria resultado de crescimento maior da receita líquida (2,2%) do que da despesa total (0,9%).

A MCM também estima pequena alta da receita total, com queda da despesa, principalmente em função da redução esperada nas despesas discricionárias, sobre as quais o governo tem mais margem de manobra. Ainda assim, a consultoria projeta déficit de R$ 8,3 bilhões para o governo central e de R$ 10,6 bilhões para o setor público consolidado, que inclui Estados e municípios, já que os governos regionais e as estatais devem ter registrado resultado negativo no mês. Para Klein, da Tendências, os Estados e municípios devem ter déficit de R$ 2,2 bilhões em março, enquanto para as estatais a expectativa é de resultado negativo de R$ 900 milhões. Se confirmada a estimativa, lembra Klein, o resultado do setor público consolidado alcançaria déficit de 2,34% do PIB em 12 meses, enquanto a meta para 2017 é de -2,2% do PIB. "A melhora ao longo do ano deverá vir dos contingenciamentos sobre as despesas e de receitas adicionais, como a segunda fase da repatriação", diz Klein. 

( Tainara Machado - Valor)

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