27/01/2016

País ganha 9 milhões de desempregados

A fila do desemprego não para de crescer em todo o País

Entre agosto e outubro de 2015, mais de 9 milhões de pessoas buscaram uma vaga sem encontrar, 2,5 milhões a mais do que em igual período de 2014. Como resultado, a taxa de desemprego avançou a 9% no período, a maior da série da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, iniciada em 2012 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgada ontem.

Até o fim de 2015, economistas acreditam que o desemprego tenha se mantido no mesmo patamar diante da contratação de trabalhadores temporários, ainda que em quantidade menor do que no passado.
Por outro lado, o início do ano, sempre delicado para o mercado de trabalho devido à dispensa de temporários, deve reservar resultados ainda piores em 2016.

"No final do ano, menos pessoas buscam o mercado de trabalho e há as vagas temporárias de emprego, que ajudaram a manter a estabilidade na Pnad Contínua.

Mas os dados realmente ruins começarão a vir nos indicadores de janeiro amarço, com o retorno da procura por emprego, o cancelamento dos temporários e o pessimismo das empresas", avaliou o doutor em Economia e professor do Ibmec, Reginaldo Nogueira. Para ele, a taxa de desemprego vai superar 10% este ano.

A intensa redução no número de trabalhadores com carteira assinada é umdos fatores por trás desse aumento na procura por emprego, explicou Cimar Azeredo, coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE.
Em um ano até outubro, 1,18 milhão de pessoas perderam o emprego formal.

Muitas delas até conseguiram recolocação no mercado de trabalho, mas sob condições piores e geralmente ganhando menos.

Por causa disso, pessoas que antes não trabalhavam nem buscavam emprego agora tentam ajudar na recomposição do orçamento da família.

"O emprego com carteira tem FGTS, plano de saúde e uma série de garantias, inclusive a própria garantia do emprego.

Mas os brasileiros têm tido a estabilidade afetada, um rendimento menor. Diante disso, outros membros da família, antes inativos, acabam saindo para buscar emprego", disse Azeredo.
Com mais pessoas à procura de uma vaga, o número de desempregados saltou para 9,07 milhões, o maior nível já registrado na série da Pnad Contínua e 38,3% a mais do que entre agosto e outubro de 2014. O avanço também é recorde.

"Enquanto ocorrer redução na carteira assinada, a tendência é isso aumentar", afirmou o coordenador do órgão.
Uma das saídas encontradas por quem perde o emprego formal é trabalhar por conta própria. Em um ano, a modalidade ganhou 913 mil novos adeptos, segundo o IBGE.

"Mas isso não é uma opção.É justamente o contrário, é falta de opção. A pessoa precisa tentar sobreviver com alguma atividade por conta própria porque perdeu o emprego, teve sua renda diminuída e não consegue mais encontrar uma recolocação com a facilidade que havia antes", disse Azeredo.

Outro grupo que tem aumentado diante da falta de oportunidades é o de trabalhadores domésticos. Antes, esse contingente estava diminuindo diante das oportunidades em serviços e comércio.Mas, no último ano, 154 mil pessoas passaram a trabalhar em atividades do lar.

Na última década, o contingente de trabalhadores domésticos diminuiu consideravelmente diante de mais oportunidades em serviços em geral, terceirizados e no comércio. Agora, com esses setores demitindo, a saída é uma "volta às origens". Como resultado, o número de empregados domésticos aumentou 3,3% no trimestre até outubro de 2015 em relação a igual período do ano anterior.

Qualquer que seja a opção, porém, o trabalhador sempre fica em desvantagem em relação ao emprego que tinha antes. Um trabalhador por conta própria ganha 25% menos do que a média do País (R$ 1.419,00 ante R$ 1.895,00). O doméstico, por sua vez, recebe R$ 742,00 - ou 60% menos que a média.Além disso, todos eles estão em queda na comparação com 2014.

"Não é a população ocupada que está caindo. Essas pessoas estão se inserindo no mercado de trabalho por outros meios", frisou. "Mas como o rendimento da pessoa que vive por conta própria é quase sempre menor, surge a necessidade de que outros membros da família complementem os ganhos". 

(Agência Estado)

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