Expectativa na economia
O governo está ciente de que a economia vai decepcionar neste ano
A euforia que se viu após as eleições presidenciais, que impulsionou os índices de confiança de empresários e consumidores, diminuiu. Segundo as projeções dos principais analistas de mercado, o Produto Interno Bruto (PIB) crescerá 1% neste ano, repetindo o desempenho de 2017 e 2018. Para os trabalhadores, notícia pior não há. Em vez de cair, a tendência do desemprego é de aumentar.
Como os investimentos produtivos estão em compasso de espera, é provável que o PIB do primeiro trimestre seja negativo ou muito próximo de zero. Não por acaso, especialistas já discutem a possibilidade de o Banco Central voltar a reduzir a taxa básica de juros (Selic), que está em 6,50% ao ano, nos próximos meses. Mesmo estando no nível mais baixo da história, a Selic não tem sido suficiente para estimular a atividade. O problema, dizem os especialistas, é que o crédito continua caro.
Nos últimos dias, para se antecipar ao resultado do PIB trimestral, que será divulgado em 30 de maio pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o governo anunciou que estuda medidas de estímulo à atividade, como a liberação de recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e do PIS-Pasep. Essas ações foram usadas pela administração de Michel Temer, dando um alívio à economia. Mas é preciso mais.
É verdade que a fragilidade da economia se deve à demora do Congresso em aprovar a reforma da Previdência. Isso minou a confiança de empresários e investidores. Por isso, é importante que deputados e senadores deem a sua cota de contribuição e acelerem a aprovação de um projeto fundamental para arrumar as contas públicas e para recuperar a capacidade do Estado de investir. A tão desejada recuperação da economia não deve ser brecada por divergências políticas. É preciso grandeza de todos os agentes, pois as demandas da sociedade são muitas.
Felizmente, ainda há tempo para mudar os rumos do país, principalmente da economia. Desde 2014, o Brasil não sabe o que é crescimento econômico. A taxa de desemprego, que estava abaixo de 5% naquele período, já se encontra em 13%. Reverter esse quadro exige união, bom-senso. O país precisa de ações que coloquem a atividade nos trilhos, tirem a indústria da ociosidade, permitam que os trabalhadores tenham oportunidades, incrementem a renda e o consumo.
É esse o Brasil que todos desejam, não um país em que mais de 200 milhões de pessoas olhem adiante e vejam um futuro nublado. O governo tem instrumentos para evitar que a recessão volte a dar as caras. Contudo, é importante ressaltar que, neste momento, não dá para contar com o bom desempenho da economia mundial, que apresentará resultado muito desigual. O Brasil, portanto, só depende de si. Sendo assim, que cada um faça a sua parte. Certamente, haverá motivos para, mais à frente, se comemorar.
(Correio Web)