O desempenho do sistema financeiro na pandemia
Resiliência do setor no pior momento da pandemia traz alento: em meados do ano, crédito concedido aumentou 4,8%.
O cenário financeiro mundial melhorou, e de maneira significativa, nos últimos meses. A recessão mundial provocada pela pandemia de covid-19, considerada a pior desde a Grande Depressão iniciada em 1929, parecia estender-se e aprofundar-se diante das incertezas decorrentes do cenário político norte-americano e da imprevisibilidade da evolução da crise de saúde. A eleição para a presidência dos Estados Unidos de Joe Biden, um político experiente e que não faz do confronto a baliza de sua visão das relações internacionais, somou-se às perspectivas promissoras no desenvolvimento de vacinas contra o novo coronavírus para transformar o cenário mundial.
O risco de uma nova onda de contaminação pela covid-19 ainda persiste, mas a resiliência demonstrada pelo sistema financeiro internacional no pior momento da pandemia traz alento. Em meados do ano, o volume total de crédito concedido pelas instituições financeiras em todo o mundo aumentou 4,8% em termos anuais, de acordo com o relatório trimestral do Banco de Compensações Internacionais (BIS, na sigla em inglês), conhecido como o banco central dos bancos centrais.
Como se podia prever, os países com economia mais forte e com sistema financeiro menos vulnerável às oscilações provocadas pela crise do novo coronavírus apresentaram resultados mais consistentes do que aqueles em situação menos robusta.
A redução, em meados do ano, de 0,5% dos empréstimos internacionais para setores financeiros e não financeiros, na comparação com o montante de um ano antes, não é particularmente preocupante. No final de 2008, ano da quebra do banco Lehman Brothers e da crise financeira que ela provocou e se estendeu para o ano seguinte, a redução do total desses empréstimos tinha sido muito maior, de 11,8%.
A adoção, nos países desenvolvidos e emergentes, de políticas de apoio ao setor privado para reduzir o impacto da recessão sobre a produção, o emprego e a renda foi importante para a preservação da estabilidade do sistema. Segundo o BIS, os bancos privados agiram, no pior momento da pandemia, como “confiável primeira linha de defesa”, o que contribuiu para mitigar os primeiros e mais fortes impactos da pandemia sobre a atividade econômica. Mas o risco de uma nova onda de infecções impõe cautela a todos.
(Agência Estado)