18/01/2016

Mercado projeta para este ano IPCA de 6,93%

O mercado financeiro não esperava uma inflação anual tão alta no início de um ano desde 2003

Segundo o Relatório de Mercado Focus, divulgado ontem, pelo Banco Central, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (IPCA) deve terminar 2016 com elevação de 6,93%, novamente acima do teto que a autoridade monetária não poderia deixar estourar.

Em janeiro de 2003, no primeiro levantamento feito após a divulgação da inflação do ano anterior, a taxa prevista para aquele ano era de 11,23%. No primeiro ano do governo de Luiz Inácio Lula da Silva, a inflação terminou com avanço de 9,3%, apesar de menor do que previsto inicialmente, ainda acima da meta para aquele ano.
Para 2017, a expectativa para o IPCA está mais favorável - em 5,2% -, mas ainda bem longe do que promete entregar a instituição: algo em torno de 4,5%. Os analistas do setor privado, no entanto, não estão só pessimistas em relação à inflação. Para o ano que vem, a perspectiva para o Produto Interno Bruto (PIB) também está cada vez mais fraca.

Depois de dois anos de expectativas de retração econômica (queda de 3,73% para 2015 e de 2,99% para este ano), o mercado prevê ainda retomada da atividade doméstica. O problema é que no primeiro levantamento que o BC fez com cerca de 120 instituições financeiras este ano a taxa prevista já caiu de 1% para 0,86%.
A produção industrial segue como principal componente desse quadro. Para este ano, a projeção do mercado financeiro passou de -3,5% para -3,45%. Já para 2017, a estimativa está no terreno positivo, mas perdeu um pouco de força da semana passada (2%) para esta (1,98%).

Sem opção Mesmo com a expectativa de um desempenho medíocre da economia no ano que vem, as previsões para a taxa básica de juros do fim de 2017 aumentaram no boletim Focus.

Com a alta da inflação, na avaliação dos analistas, o Banco Central não terá outra saída se não elevar a Selic.
Atualmente, a taxa está em 14,25% ao ano e, na semana que vem, deve sofrer incremento de 0,5 ponto percentual, para 14,75%, conforme o boletim apresentado ontem. O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central se reunirá para definir o rumo dos juros nos dias 19 e 20.

Para o final de 2015, a estimativa do mercado é de que a taxa básica de juros (Selic) chegue a 15,25% ao ano. As previsões para este mês e para este ano já eram observadas no levantamento anterior feito com o mercado, mas para o encerramento de 2017 houve um aumento das expectativas para a Selic de 12,50% para 12,75% ao ano. Isso significa que os profissionais aguardam uma redução mais paulatina da taxa.

No setor externo, houve confirmação ou melhora das estimativas para praticamente todas as variáveis da Focus, levando- se em conta que o dólar vai terminar o ano em R$ 4,25 (R$ 4,21 no levantamento anterior) e 2017 cotado a R$ 4,23 - R$ 4,20 da semana passada. A balança comercial nos dois anos deve ter saldo positivo de US$ 35 bilhões, como já era previsto na semana passada.

Para 2016, o mercado prevê déficit de US$ 38 bilhões - o valor anterior era de US$ 38,5 bilhões -e, para o ano que vem, de US$ 32 bilhões - previsão mantida de uma semana para a outra.

Nos dois casos, esse resultado negativo será 100% financiado pelo ingresso de Investimento Direto no País (IDP), segundo os profissionais. Isso porque a previsão de entradas para este ano é de US$ 55 bilhões e, para o próximo, de US$ 60 bilhões.

(Agências)
 

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