05/04/2016

Mercado já acredita em queda de juros este ano

Com a redução das estimativas para a inflação deste ano pela quarta semana seguida

e a perspectiva de duração do quadro recessivo cada vez mais clara, o mercado financeiro passou a contar com a possibilidade de o Banco Central reduzir os juros já este ano. De acordo com o Relatório de Mercado Focus divulgado ontem, a taxa básica passará dos atuais 14,25% ao ano para 13,75% em dezembro.

A previsão anterior era de que a Selic só começaria a cair em janeiro de 2017.

A elite dos participantes da pesquisa, que é feita com 120 instituições, prevê um processo ainda mais rápido e mais forte. Para o Top 5 - grupo dos analistas que mais acertam as previsões - a Selic cairá para 13,75% ao ano já em outubro e terá novo corte, para 13,25%, no último mês de 2016. Esse movimento do mercado passou a ocorrer mesmo com a ênfase dada na semana passada pelo BC de que não há espaço para redução dos juros no curto prazo.

O mesmo levantamento trouxe que o setor privado aposta na taxa básica a 12,5% no fim do ano que vem. Para o mesmo período, o grupo Top 5 projeta juro de 11,75% ao ano.

O que mais pesa sobre as projeções do mercado financeiro é a tendência agora clara de diminuição das expectativas para a inflação em um ambiente de retração econômica. Para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), o boletim Focus mudou de 7,31% para 7,28% esta semana.

A redução é pequena, mas tem sido consistente - há um mês estava em 7,59%.

Com relação a 2017, as previsões para o IPCA estão estancadas em 6% há oito semanas, bem no limite superior da banda. Para este ano, o teto é de 6,5%, patamar que foi ultrapassado pelas expectativas já há alguns meses.

PIB

No caso do Produto Interno Bruto (PIB), as estimativas para 2016 voltaram a piorar.

Nesta semana passaram de queda de 3,66% para baixa de 3,73%. Ao mesmo tempo, a perspectiva de recuperação em 2017 se tornou ainda mais fraca: está agora em 0,3% ante 0,35% da semana passada.

Tombo forte de um levantamento para o outro levou a produção industrial, que deve cair 5,8% este ano ante 4,4%. Para 2017, as estimativas seguem no campo positivo, mas em um nível mais baixo (de 0,85% para 0,69%).

Com a diminuição das cotações diárias, foi reduzida também no boletim Focus a expectativa para o dólar. Para o fim deste ano, a previsão passou de R$ 4,15 para R$ 4 e, para um ano depois, de R$ 4,2 para R$ 4,1. Já a balança comercial segue com benefícios pelos quais passa o setor externo brasileiro. O mercado financeiro projeta superávit de US$ 44,8 bilhões para 2016 e de US$ 50 bilhões para 2017 - as previsões anteriores era de, respectivamente, de US$ 43,53 bilhões e US$ 47,5 bilhões.

Esse saldo mais robusto ajuda a diminuir a perspectiva de déficit das transações correntes tanto em 2016 (que passou de US$ 20,45 bilhões para US$ 19,9 bilhões) quanto em 2017 (de US$ 18,2 bilhões para US$ 17,5 bilhões).

O ingresso de Investimento Direto no País (IDP) será suficiente para cobrir o rombo nos dois casos. Foi mantido em US$ 55 bilhões para este ano, mas reduzido de US$ 55,25 bilhões para US$ 54 bilhões em 2017.

(Jornal do Commercio)

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