20/12/2016

Mercado de trabalho enfraquece ainda mais

Retração atinge trabalhadores por conta própria, que antes atenuava queda do emprego formal

Retração atinge trabalhadores por conta própria, que antes atenuava queda do emprego formal. O mercado de trabalho continua a pagar um preço alto gerado pela recessão da economia. Segundo estudo da Carta de Conjuntura, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea)- a seção Mercado de Trabalho da Carta de Conjuntura nº 33, divulgada nesta segunda-feira (19/12)- constata que, após o mercado formal, agora é a vez de o enfraquecimento das ocupações atingir os trabalhadores por conta própria. Antes, ou seja, até meados de 2016, a ocupação por conta própria atenuava os danos causados pelo forte aumento do desemprego no mercado formal. Isso porque atuar por conta própria tornou-se a saída para os trabalhadores formais após a perda do emprego.

A análise de transições no mercado de trabalho revela, contudo, que essa tendência se alterou no terceiro trimestre de 2016. Segundo nota do Ipea, esse movimento foi acompanhado de uma queda na taxa de atividade. Analisando-se a taxa de desemprego por meio da comparação interanual em pontos percentuais, nota-se que a crise continua afetando mais gravemente justamente esses grupos que tendem a ter desemprego mais elevado. Entre o 3º trimestre de 2016 e o mesmo período de 2016, o desemprego subiu 6,8 p.p. entre os jovens, enquanto entre os adultos até 59 anos a queda foi de 2,9 p.p..

Já o rendimento real médio não apresentou um desempenho tão ruim quanto a ocupação. Registrou um ligeiro aumento de 0,9%, comparando com o trimestre anterior. Na comparação com o mesmo trimestre do ano anterior, entretanto, o rendimento real apresentou queda de 2,1% neste terceiro trimestre. Subdividindo os trabalhadores em 10 faixas de renda, observa-se que o rendimento médio do grupo que se encontra na faixa mais baixa de renda apresentou uma expressiva recuperação, tanto na comparação interanual (crescimento de 17,6%), como na comparação do terceiro trimestre com o segundo (crescimento de 19,8%).

A queda da massa salarial vinha sendo puxada pelo setor formal, porém, neste terceiro trimestre, houve uma queda da massa salarial entre os conta própria de quase R$ 2 bilhões. Devido à continuidade do quadro recessivo e como o número de admissões ainda não mostra sinais de recuperação, é provável que o nível de ocupação continue a cair. Se isso resultará em aceleração da taxa de desemprego, dependerá muito do comportamento da PEA. Caso se mantenha a tendência de menor ocupação entre os trabalhadores por conta própria, sem que seja observada uma recuperação das admissões no setor formal, as condições do mercado de trabalho continuarão a se deteriorar – mesmo que a taxa de desemprego não se eleve muito. 

(Agências)

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