09/11/2016

IPCA ficará abaixo de 8% em 12 meses

O IPCA deve ficar abaixo de 8% no acumulado em 12 meses pela primeira vez desde fevereiro do ano passado

O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deve ficar abaixo de 8% no acumulado em 12 meses pela primeira vez desde fevereiro do ano passado. De acordo com a projeção média de 21 instituições financeiras ouvidas pelo Valor Data, a inflação de outubro, que será divulgada oficialmente hoje pelo IBGE, ficou em 0,28%. O intervalo dessas estimativas vai de a 0,23% a 0,31%. Em setembro o índice ficou em 0,08%. Com o resultado, a tendência é que o acumulado de 12 meses chegue a 7,89%. No mês anterior, esse número estava em 8,48%.

De todas as instituições consultadas, nenhuma estima que em outubro o acumulado atinja 8% nesse tipo de comparação. Uma das razões para essa queda no longo prazo são os alimentos. O UBS espera que os preços desse grupo caiam 0,45% em relação a setembro, puxados principalmente por leite e feijão. É uma queda menos intensa do que os 0,6% de deflação anotados em setembro, mas, se confirmada, contribuirá para a redução dos preços gerais nos 12 meses. O banco calcula que o IPCA do mês passado foi de 0,26%. Já o acumulado deve ficar em 7,9%, contra 8,5% na comparação com o mês anterior.

Os integrantes do departamento de pesquisa econômica do Santander destacam que "na comparação interanual os preços de alimentos seguem numa importante desinflação nesse fim de ano, movimento que deve se estender até 2017". A estimativa da instituição financeira é que o IPCA fique em 0,23% em outubro e atinja 7,84% nos 12 meses. Outra boa notícia deve vir da inflação de serviços, que no acumulado de 12 meses pode chegar ao seu nível mais baixo desde agosto de 2010, quando esteve em 6,85%. O UBS destaca que a tendência de queda vem sendo reforçada após o pico dos preços de hotéis no Rio de Janeiro, durante os Jogos Olímpicos.

O banco espera que esse tipo de inflação atinja 6,9% nos 12 meses, contra 7% em setembro. O Santander tem avaliação semelhante, afirmando que espera "uma leve redução, com a taxa caindo para abaixo de 7% ao ano".
Os preços administrados são um terceiro fator que pode dar a sua parcela de contribuição para uma alta menor dos preços no acumulado de 12 meses. "A redução da tarifa de energia elétrica em importantes cidades do país também tem contribuído para esse alívio", dizem os economistas do Santander, em referência ao reajuste de distribuidoras no Sudeste e Centro-Oeste. Luiz Fernando Castelli, economista da GO Associados, chama a atenção para "a alta base de comparação" dos os últimos meses de 2015, em relação ao fim deste ano. 

"O ponto principal é a trajetória estatística, que deve seguir essa tendência até o ano que vem. É a substituição de dados altos do fim do ano passado, que saem da base e dão espaço a dados novos", afirma. Em outubro do ano passado, o IPCA ficou em 0,82%. Neste ano, nos cálculos de Castelli, deve ficar em 0,3%. Por isso, a alta de 0,22 ponto em relação aos 0,08% de setembro não preocupa, diz.  

(Estevão Taiar - Valor)

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