11/04/2016

Inflação está menor, mas...

A redução da inflação mensal de março à metade do que foi em fevereiro

é uma das poucas boas notícias recentes nos indicadores macroeconômicos. Mas mesmo o alívio na velocidade do aumento de preços tem seus senões. O primeiro é que, conforme o próprio IBGE, boa parte da queda se deve ao menor consumo, ou seja, à recessão. Outro é o fato de que a alta de preços nos alimentos não perdeu velocidade, ganhou: a inflação específica subiu de 1,06% para 1,24%.

Como se trata do IPCA, esse alívio poderá, no futuro, criar condições para a redução do juro básico. Seria a melhor notícia embutida no sossega-dragão, não fosse outro dado da realidade: mesmo com a taxa Selic se mantendo estável, o juro dos financiamentos para pessoas e empresas aumentou. A distância entre o juro básico e o efetivo é chamada de spread nos bancos.

E uma das maiores fatias do spread é a cobertura da inadimplência. Grandes instituições fizeram reservas estimadas em R$ 150 bilhões para fazer frente a eventuais calotes de clientes. Com mais atrasos, ainda que o Banco Central (BC) ache espaço para cortar o juro básico, a taxa não cai na ponta.

Na sexta-feira, um estudo do BC detectou a maior fonte de preocupação em relação ao risco no mercado financeiro: são os bancos de médio porte, não as grandes instituições. O estudo foi feito para tentar aferir qual o risco do aumento da inadimplência no segmento. É mais um efeito da recessão profunda na economia: sem aumento de produção e de vendas, há um número crescente de empresas em dificuldades. A primeira providência para evitar o pior é pedir recuperação judicial, ou seja, proteção contra cobranças. Segue-se o calote nos bancos, e esse é o grande temor da economia.

(Marta Sfredo -XZero Hora-09.04)

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