31/01/2017

Inflação anual cai, apesar de alta em janeiro

O Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M), divulgado ontem pela FGV, subiu 0,64% em janeiro, ante 0,54% em dezembro

O Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M), divulgado ontem pela Fundação Getulio Vargas (FGV), subiu 0,64% em janeiro, ante 0,54% em dezembro. Entretanto, o valor acumulado em 12 meses caiu para 6,65%, depois de marcar 7,17% no último mês de 2016. A aceleração registrada pelo índice no começo do ano "é natural", disse André Braz, pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), da FGV. Esse aumento seria causado, em parte, por problemas climáticos. "O excesso de sol ou de chuva pode prejudicar a produção de alimentos", explicou ele.

Ainda assim, a alta registrada em janeiro deste ano ficou bastante abaixo daquela vista em igual mês do ano passado (1,14%), o que causou a redução do IGP-M anual. De acordo com Braz, um quadro semelhante deve acontecer em fevereiro. "Devemos ter uma desaceleração do índice mensal, colaborando pra mais um recuo do índice anual", projetou. O esfriamento dos preços neste mês, seguiu o entrevistado, deve ser possível graças a números mais baixos para alimentação, tanto na comparação com janeiro deste ano quanto no confronto com o segundo mês do ano passado.

Em fevereiro de 2016, o IGP-M atingiu o segundo maior aumento no acumulado (1,29%), atrás apenas da alta de junho (1,69%). Segundo o pesquisador, o índice deve recuar mais nos próximos meses e encerrar este ano pouco acima dos 4,5%, centro da meta do governo. "Conforme essa queda for acontecendo, o BC [Banco Central] vai ganhar espaço para avançar com os cortes na Selic". Hoje, a taxa básica de juros está em 13% ao ano. O IGP-M engloba a inflação para produtores, consumidores e para o setor de construção no País. Além disso, o índice é usado para ajustar contratos de fornecimento de energia elétrica.

Em queda

Os três componentes do IGP-M recuaram em janeiro. O Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA) acumulado em 12 meses caiu para 7,16% no mês passado, após marcar 7,64% em dezembro. O dado mensal ficou praticamente estável, ao passar de 0,69% para 0,70%. Colaboraram para essa alta os avanços de alimentos processados (0,39%) e combustíveis e lubrificantes (5,70%). No sentido contrário, destaque para as desacelerações de soja em grão (passou de 0,38% para -4,20%) e minério de ferro (caiu de 17,53% para 13,08%).

Já o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) anual recuou de 6,25% para 5,38%. A inflação mensal foi de 0,64%, em janeiro, após aumento de 0,2% em dezembro. Além da alimentação, causou esse resultado a alta de educação, leitura e recreação (2,46%), motivada pelos reajustes nos preços de instituições de ensino. O Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) recuou de 6,35% para 6,32%. Uma elevação menor do custo da mão de obra (passou de 0,55% para 0,28%) favoreceu um avanço mais baixo do dado mensal, que caiu de 0,36% para 0,29%.

Queda em 2017

Sobre as perspectivas para este ano, Braz indicou que a maior parte dos preços deve recuar. Após registrar aumentos expressivos em 2016, os alimentos devem ser favorecidos por um ano menos seco, enquanto que o setor de serviços deve ter aumento menor por causa da recessão econômica. Por outro lado, preços administrados, como o da energia elétrica, podem aumentar mais em 2017. Medicamentos e planos de saúde também devem ter avanço mais expressivo nos próximos meses, indicou o especialista.

(Renato Ghelfi - DCI com Agência Brasil)

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