22/02/2016

Inflação alta e dívidas levam aposentados de volta ao trabalho

Dificuldades financeiras, crise no país, endividamento, vontade de continuar na ativa ou todas essas alternativas juntas estão fazendo idosos buscarem novas oportunidades mesmo depois da aposentadoria

Dados do SPC (Serviço de Proteção ao Crédito) de 2015 apontam ainda que dívidas em nome de consumidores mais velhos foram as que registraram os maiores aumentos. No caso de idosos entre 65 e 84 anos, a alta foi de 10,92% na base anual de comparação. A facilidade de contratação de crédito é um dos fatores que mais contribuíram para este quadro.

Aproveitando que o último domingo, 24 de janeiro, foi o dia do aposentado, o Fato Online conversou com algumas senhoras que resolveram deixar o “suposto” descanso para lá e voltaram a colocar a mão na massa depois de anos paradas.

Fátima Costa tem 64 anos e está no aguardo para conseguir a tão sonhada aposentadoria. Ela, que há pouco mais de dois meses estava desempregada, resolveu procurar um emprego. Recentemente fez entrevista e foi escolhida entre quase seiscentas concorrentes à vaga de atendente em um comércio de Águas Claras. "Eu me aposento em setembro, mas quero continuar trabalhando por pelo menos mais uns três anos", afirma Fátima.

Segundo o INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), o Brasil tem atualmente quase 19 milhões de aposentados. Apesar de o piso dos benefícios ser de um salário mínimo - R$ 880 - o valor médio das aposentadorias fica por volta de R$ 1.700. Com o reajuste da aposentadoria que começou a valer no dia 1° dia deste ano, o teto subiu para R$ 5.189,82. Porém, a maior parte é de aposentados que recebem o equivalente a um salário mínimo. De acordo com o INSS, 54,16% dos benefícios concedidos pela Previdência (aposentadorias e pensões) recebem esse valor.Será que é suficiente?

Para o analista financeiro da Bullmark, empresa especializada em gestão de patrimônio e assessoria financeira, Breno Brito, não existe um número mágico que seja um salário razoável para um aposentado viver uma vida tranquila. Mas, costuma ser mais complicado sobreviver no fim da vida com a quantidade de gastos, que, em geral, aumentam, como por exemplo, o plano de saúde.

De acordo com dados do Índice de Variação de Custos Médico-Hospitalares (VCMH) do Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS), os gastos com planos de saúde sofreram um aumento de 17,2% nos 12 meses encerrados em junho. Esse aumento se dá porque a maioria das pessoas que utilizam o serviço tem mais de 59 anos e com o passar dessa idade há mais necessidade médica. Por isso, Brito sugere que as pessoas comecem a fazer uma poupança. “O mais importante é que quem ainda não chegou lá, vá acumulando capital, não só pelo INSS. É importante diversificar os recursos”, diz Brito.

O especialista chama a atenção ao fato de que os gastos do governo brasileiro não estão fechando. O mesmo ocorre com os da Previdência. “Se a Previdência vai quebrar ou não, só o tempo vai dizer. Há muitos fatores e vontades políticas envolvidas”, afirma o analista. Mas para se precaver, “é melhor a pessoa ter um plano B e não colocar ‘todos os ovos numa mesma cesta’ e fazer uma previdência privada”, sugere Brito.

Quando colocar a aposentadoria em pauta?

De acordo com Breno Brito, a pessoa não pode deve deixar para pensar na aposentadoria no fim da vida profissional. É necessário ter em mente essa situação desde a juventude, quando começar a ganhar o seu próprio dinheiro. “Tem que se pensar a aposentadoria como uma época em que se atinge uma dependência financeira”, afirma.

E quanto aos aposentados que decidiram voltar à ativa? Ele entende que o retorno ao trabalho depois do recebimento do benefício pode ser algo interessante porque ajuda na renda, mas é preciso se planejar para tentar evitar isso.Ele garante que é possível fazer uma previdência privada mesmo que a pessoa receba apenas o salário mínimo. “É possível fazer uma contribuição mensal ou de três em três meses. É preciso apenas ter disciplina e fazer algo”, conclui. 

(Fato Online)

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