20/11/2015

Inflação

Inflação é de 9,53% em 12 meses

Sob a influência da queda de preços de alimentos, a inflação finalmente dá sinais de trégua. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) variou 0,22% em agosto, queda de 0,4 ponto percentual ante o mês imediatamente anterior. Trata-se do menor valor para o mês desde 2010. O resultado de agosto interrompe a sequência de sete meses de alta na variação acumulada em 12 meses. Mesmo com a desaceleração, o índice que mede a inflação oficial no país permanece muito acima da meta inflacionária. No ano, a alta é de 7,06% No acumulado dos últimos 12 meses, a variação é de 9,53%. 

Na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), a inflação medida no mês passado foi a terceira menor entre as 13 regiões metropolitanas pesquisadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) - 0,05%. No acumulado em 12 meses, a taxa da Grande BH (8,38%) é maior apenas que a de Vitória (7,91%) e Brasília (8,09%). Segundo levantamento feito pelo analista do IBGE, Antonio Braz, dos 247 produtos e serviços pesquisados 121 tiveram variação negativa. Oito itens tiveram queda superior a dois dígitos - quiabo (-10,04%), feijão carioca (-10,54%), repolho (-12,24%), mamão (-13,83%), tomate (-14,53%), batata-inglesa (-15,19%), banana-prata (-16,09%) e passagem aérea (-24,91%). 

Na contramão, um item contribui significativamente para a oscilação ter sido positiva. O passagem de ônibus urbano teve variação de 7,1% no período pesquisado. A Grande BH foi a única região a registrar elevação desse componente no país. Sem esse aumento, o indicador da região seria negativo. A alta é influenciada pelo reajuste da passagem na capital mineira. No segundo aumento do ano, o bilhete subiu de R$ 3,10 para R$ 3,40 depois que o sindicato das empresas de ônibus indicou erros na projeção de passageiros da Prefeitura de Belo Horizonte na implantação do Move. 

Em âmbito nacional, dois grupos tiveram recuo de preços em agosto: alimentação e bebidas (-0,01%) e transportes (-0,27%). As quedas foram influenciadas por componentes importantes na pauta de inflação, como automóveis usados (-1,03%), pneus (-1%) e acessórios e peças (-0,96%). O grupo alimentação no domicílio recuou 1,15%. 

Soma-se a isso a queda do custo da energia elétrica (-0,42%). Não era verificada redução no item desde março do ano passado. Segundo o IBGE, a queda é explicada pela redução de PIS/Cofins sobre a energia em parte das regiões pesquisadas. Novo recuo pode ser registrado no indicador referente a setembro. Isso porque a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) revisou o valor cobrado do sistema de bandeira tarifário. Com isso, as contas de luz devem cair aproximadamente 2%. 

O professor de Finanças do Ibmec e gestor de recursos da Versus Quantitative Finance, Ricardo Couto, afirma que a tendência é de redução da inflação a partir do ano que vem, mas a um custo alto. "O desemprego e a redução do consumo são os dois fatores para segurar a inflação", afirma. Segundo ele, a redução na renda média do brasileiro deve contribuir para conter o indicador, que, no ano que vem, deve fechar em patamar bem menor que o atual. 

REAL DESVALORIZADO 

Couto acrescenta que a desvalorização do real tem forte influência para pressionar a inflação. O impacto, segundo Couto, é de 2% a 5% sobre a variação da moeda norte-americana. Ou seja, em 12 meses, com o dólar valendo 70% mais em relação ao real, o impacto sobre a inflação é de 3,5 pontos percentuais. 

A elevação do dólar, segundo a coordenadora de Índices de Preços do IBGE, Eulina Nunes dos Santos, pressionou os custos da agricultura, o que atrasou a queda de preços dos alimentos. Normalmente é verificada queda dos produtos no meio do ano. Mas apenas em agosto foi sentida a estabilização dos alimentos. Em julho, a alta havia sido de 0,65%. 

"Neste ano, vimos um atraso nesse resultado do comportamento dos alimentos. O dólar pressionou nos meses anteriores e, com isso, embora a safra e a oferta estejam grandes, os agricultores vêm sentido os custos dos insumos, fertilizantes e adubos, cujos preços são atrelados ao dólar", afirma. "Pode ser que a influência tenha ficado menor, ou os custos em dólar não foram fáceis de passar, ou acabaram agora", acrescenta. 

Por outro lado, a elevação de 15% no preço do botijão de gás deve contribuir para puxar para cima a inflação referente a setembro. O item tem peso de 1,08% na composição do IPCA. (Pedro Rocha Franco - Estado de Minas/Agências)

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