A estimativa é de que 80% da população acima de 65 anos use essa forma de pagamento, sendo que a metade deles conta com três ou mais tarjetas. É o que mostra a pesquisa divulgada ontem pela Câmara dos Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL/BH). O levantamento ouviu 200 consumidores entre 21 e 24 de maio e inclui as modalidades crédito e débito. O uso do cartão entre as demais faixas etárias é menor, chegando a 71% entre os jovens e adultos (25 a 34 anos), 67,6% entre os adultos (35 a 64 anos) e 44,4% entre os jovens (19 a 24 anos).

A quantidade de cartões foi outro ponto pesquisado. Mais uma vez, os idosos são os maiores adeptos. A metade dos idosos entrevistados têm três ou mais cartões. De acordo com a economista do CDL/BH, Ana Paula Bastos, a restrição de rendimentos leva esses consumidores a recorrer a essa modalidade de pagamento, pela facilidade de parcelar as compras. Apesar de usarem mais o cartão, 90% dos idosos não ultrapassam o limite do cartão de crédito.

Consumidores que mais ultrapassam são os jovens (11,1%). Ao analisar as classes sociais, 23,5% dos consumidores da classe E sempre extrapolam o limite do crédito. "Esse dado é muito preocupante, pois esse tipo de dívida é uma das mais caras do mercado. Com uma taxa de juros anual de cerca de 400%, uma despesa de mil reais pode passar os R$ 4 mil ao fim do ano", disse a economista do CDL/BH. "O risco é não ter controle financeiro e não saber o quanto está gastando", completa.

Se considerado o gênero, a maioria das mulheres (35,9%) tem um cartão. Já a maior parte dos homens têm dois cartões de crédito, com percentual de 48,2%. A frequência do uso do cartão traz grandes variações quando a análise é feita em relação às classes sociais. Entre as classes A e B, 81,1% usam o cartão sempre ou quase sempre. Entre as classes C e D, esse percentual passa a ser 60,3% e entre a classe E, 29,4%. Consumidores das classes A e B são os que têm maior número de cartões.

Bancos obrigados a dar recibo de dívidas

O presidente em exercício, Michel Temer, sancionou com um veto lei que obriga os bancos a emitir recibo de quitação de dívidas no prazo de dez dias úteis. A lei está publicada no Diário Oficial da União (DOU) de ontem e começa a valer em 90 dias. "As instituições integrantes do Sistema Financeiro Nacional, nos termos da Lei nº 4.595, de 31 de dezembro de 1964, são obrigadas a emitir recibo de quitação integral de débitos de qualquer natureza, quando requerido pelo interessado, no prazo de dez dias úteis, contado da comprovação de liquidação integral do débito, por meios próprios ou por demonstração efetuada pelo interessado", diz a lei.

A regra não se aplica às hipóteses em que a lei determine procedimentos e prazos específicos, devendo a instituição financeira esclarecer essas situações excepcionais no documento ou protocolo que fornece em resposta ao requerimento do interessado. No caso de contratos de financiamento imobiliário, a instituição financeira fornecerá o termo de quitação no prazo de 30 dias a contar da data de liquidação da dívida.

(Flávia Ayer - O EStado de Minas)