19/04/2022

Educação financeira é caminho para ‘sair do vermelho’

Benefícios do governo, como saque extraordinário do FGTS e antecipação do 13º salário devem ser utilizados com sabedoria. Dinheiro pode ser usado para solucionar problemas financeiros.

No último mês, o governo federal anunciou o saque extraordinário do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), que vai disponibilizar aos trabalhadores o valor de R$ 1 mil. Ademais, a antecipação do 13º salário dos aposentados e pensionistas também foi anunciada, além de um programa de microcrédito para pessoas físicas e crédito consignado para beneficiários dos programas sociais como BPC/Loas e do Auxílio Brasil.

O objetivo é movimentar a economia brasileira. Com o pacote de medidas financeiras à população, haverá uma movimentação de mais de R$ 150 bilhões. O valor ‘extra’ em posse das pessoas, entretanto, deve ser usado com cautela.

De acordo com a empresária e consultora financeira, Carine Barbosa Peccin, a disponibilidade de dinheiro para o cidadão pode ser um meio de tirá-lo do sufoco financeiro, porém momentâneo, se não for bem administrado. “O FGTS é o fundo de garantia, uma reserva financeira para o futuro. Quando o cidadão saca antecipadamente, quer dizer que está tirando um planejamento, para viver o agora, pagando contas resultantes de consumo exagerado”, explica.

A consultora ressalta que, segundo uma pesquisa da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), 77,5% das famílias brasileiras estão endividadas — o número mais alto em 12 anos. Ela salienta, ainda, que há um ano esse patamar era de 67,3%. “Toda antecipação tem consequência, que pode ser aumentar o saldo bancário para quem administra bem as finanças ou deixar ir pelo ralo, pagando contas atrasadas. Quanto mais dinheiro disponível para famílias sem educação financeira, mais cresce o número de endividados”, destaca.

Em casos de inadimplência, o que fazer?
Em casos que o beneficiado precise utilizar o dinheiro para quitação de contas, há um passo a passo para que seu objetivo seja concluído com êxito. “Primeiro é listar todas as suas dívidas, segundo é descrever as despesas fixas e variáveis mensal. Ter o conhecimento da sua situação atual é o início de tudo, chamada de fotografia financeira”, aconselha Carine.

Após ter um panorama geral da verdadeira situação, é preciso encontrar formas de solucionar os problemas. “As pessoas se tornam inadimplentes pela falta pagamento no vencimento, pela consequência de altas saídas para poucas entradas. A primeira solução a buscar é aumentar as entradas, através de renda extra. Focar em produzir dinheiro e deixar de fazer novas contas. Ou utilizar das medidas do governo com consciência, e decisão de se organizar financeiramente, para não ficar no ciclo vicioso de gastar e usar recursos destinados ao seu próprio futuro”, frisa.

Algumas vezes, pode ser que o trabalhador tenha um valor em mãos, queira fazer a escolha certa, mas não é assertivo na hora de utilizar a quantia. Nesses casos, a consultora financeira recomenda o investimento em conhecimento sobre educação financeira antes do dinheiro chegar. Além disso, ela parafraseia o autor Gustavo Cerbasi. “Gaste melhor, organize-se, poupe o suficiente ou até menos, mas qualifique-se para ser uma pessoa melhor que irá ter prazer em sua atividade profissional e surpreender aos outros com uma capacidade de entrega maior”, destaca.

Em casos de adimplência, o que fazer?
Para Carine, se a pessoa tem organização financeira, gasta menos do que recebe e está no nível de investidor, pode ser um benefício em usufruir para aplicar com rendimentos mais atrativos. “Para investidores iniciantes, montar sua reserva de emergência é o primeiro passo. A partir daí inicia a construção da aposentaria e propósitos futuros. Cada pessoa tem objetivo de se aposentar em idade diferentes, dependendo desta decisão se faz o planejamento de investimentos. Os demais podem ser de curto e médio prazo, desde o carro, imóvel ou viagens”, salienta.

Entre as opções para enviar o valor da reserva de emergência, ela cita o tesouro direto, CDB com liquidez diária ou fundo de Renda Fixa. “Para aposentaria a opção é a previdência privada, será um complemento futuro à renda insuficiente que o INSS pode proporcionar. Pode-se levar em consideração outros fatores, como um valor que pode ser necessário em caso de desemprego, maternidade, doenças ou invalidez”, menciona.

Esse dinheiro a mais também pode servir para outros objetivos, de acordo com a realidade de cada um. “A busca de renda extra é a forma de iniciar a jornada de investidor para realizar os sonhos, como investir em conhecimento, experiências de viagens, poder entregar mais luxo a si mesmo e a família, ou até mesmo os sonhos maiores”, esclarece.

Por fim, a consultora garante que a régua financeira de ganhos está relacionada ao grau de merecimento e convivência. “Por exemplo, nossos ganhos são parecidos com quem convivemos. Se ao nosso redor tem consumistas e endividados, temos chances de sermos influenciados, ou contrário pessoas que ganham mais, a sua régua financeira aumenta gradativamente”, finaliza.  

(Thamires Bispo – Semanário)

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