05/02/2016

Economia mundial preocupa países emergentes

O ano será de grandes desafios

Fraca expansão chinesa, alta dos juros nos EUA, queda dos preços das commodities, entre outros fatores, indicam que ano será de grandes desafios.

O temor generalizado em relação à saúde da economia mundial contaminou os mercados neste início de ano, indicando que 2016 será pleno de sobressaltos e desafios, sobretudo para os países emergentes. Os números não são animadores. Para começar, a China anunciou a menor expansão de seu PIB em 25 anos: 6,9% em 2015. Segunda maior economia do mundo e principal motor do crescimento global nos últimos anos, a desaceleração chinesa é um dado preocupante.

Após sustentar a economia investindo em infraestrutura, Pequim tenta deslocar sua matriz econômica para o consumo interno, enquanto incentiva o investimento em Bolsa, a fim de permitir a abertura de capital de estatais e consequente modernização das empresas. O processo gerou bolhas e elevou o endividamento dos cidadãos, afetando a demanda interna. A dívida das províncias também estaria muito elevada. (Mas há sempre uma incógnita, devido à baixa confiabilidade das estatísticas de Pequim.) Sem o apetite voraz dos chineses, a demanda por commodities, especialmente as minerais e energéticas, despencou. Este quadro é especialmente grave no setor petrolífero, que, além da demanda menor, sofre com excesso de oferta. Preocupada com a perda de mercado, a Arábia Saudita manteve sua produção em alta, a fim de inviabilizar os investimentos de mercados alternativos concorrentes, sobretudo o de gás não convencional nos EUA. A Agência Internacional de Energia alertou recentemente que o mercado poderá "se afogar no excesso de oferta", reforçada pela volta do Irã, quarto maior produtor mundial, após a suspensão das sanções do Ocidente contra o país. Estima-se que os estoques mundiais de PETRÓLEO poderão subir para 485,1 milhões de barris. Desde o pico alcançado em julho de 2008, quando fechou cotado a US$ 146,08, o preço do barril do tipo Brent, referência internacional, caiu 80,2%, para US$ 28,94 na sexta-feira. Ontem, o recuo foi de 4,6%, para US$ 27,43.

O aumento da taxa de juros pelo Fed (o banco central americano) em dezembro, embora previsto por governos e agentes financeiros, também afetou os mercados, sobretudo o de câmbio. A valorização do dólar pode estimular uma guerra cambial entre os emergentes, que buscam desvalorizar suas moedas para tornar as exportações mais competitivas. Além disso, em 2015, investidores e empresas retiraram US$ 735 bilhões dos mercados emergentes, tornando caro aos gestores de política monetária desses países defender suas moedas, via reservas internacionais.

As perspectivas não parecem boas. O FMI reviu para baixo seus cálculos para a economia global, prevendo um crescimento de 3,4% este ano e 3,6%, em 2017 - nos dois casos, 0,2 ponto percentual a menos do que sua previsão anterior. É a terceira vez seguida que o Fundo revê para baixo sua projeção, citando a desaceleração chinesa e os baixos preços das commodities, que afetam sobretudo os países emergentes. Por isso, ontem foi um dia de fortes oscilações nas bolsas mundiais. 

(O Globo)

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