Dólar tem queda na sexta, mas fecha outubro em alta
Moeda norte-americana recuou 0,49% nesta sexta-feira e foi cotada a R$ 5,7379.
A moeda norte-americana fechou em queda de 0,49% nesta sexta-feira (30), cotada a R$ 5,7379, em meio às preocupações com a trajetória da dívida pública e com uma nova rodada de lockdowns na Europa afetando as perspectivas para a recuperação da economia global.
Na máxima do dia, chegou a R$ 5,8080, maior valor desde meados de maio. Na mínima, foi a R$ 5,7228. Veja mais cotações.
Em outubro, a moeda norte-americana fechou com alta de 2,13%. Na semana, o avanço foi de 1,90%. No acumulado do ano, a alta é de 43,10%.
Para controlar a disparada do dólar no início da sexta, o Banco Central anunciou seu segundo leilão de moeda à vista em apenas três dias. Foram vendidos US$ 787 milhões.
Cena externa e local
A proximidade da data da acirrada disputa entre o atual presidente, Donald Trump, e seu adversário democrata, Joe Biden, tem deixado os investidores nervosos, uma vez que o resultado segue nebuloso. Além disso, o evento significa mais um obstáculo para as negociações de novos estímulos fiscais na maior economia do mundo, que provavelmente só serão implementados depois que os norte-americanos forem às urnas.
Na Europa, dados divulgados na sexta mostraram que a economia da zona do euro mostrou uma recuperação forte no 3º trimestre, após tombo histórico entre os meses de abril e junho. O Produto Interno Bruto (PIB) da região registrou uma alta histórica de 12,7% na comparação com o trimestre anterior, acima do esperado pelo mercado.
Na comparação com o mesmo período do ano anterior, no entanto, o conjunto das 19 economias que usam a moeda comum europeia ainda aponta queda de 4,3%, mostraram nesta sexta-feira (30) dados preliminares da agência europeia de estatísticas, Eurostat.
A Europa, no entanto, está totalmente imersa na segunda onda da pandemia do coronavírus, a ponto de vários países do bloco terem voltado a adotar restrições drásticas, o que afeta as perspectivas para a recuperação econômica.
Colaborando para a volatilidade, vários analistas citaram a aproximação de um fim de semana prolongado, marcado pelo feriado do Dia de Finados na segunda-feira. As negociações no mercado local retornam justamente no dia da eleição presidencial nos Estados Unidos.
Na cena doméstica, seguem as preocupações com a situação fiscal do país e sustentabilidade das contas públicas, além da capacidade do governo de avançar numa agenda de reformas, têm dominando as atenções dos investidores, sendo apontadas como os principais fatores de pressão sobre o real.
O Banco Central informou na sexta que a dívida bruta do setor público, uma das principais formas de comparação internacional (que não considera os ativos dos países, como as reservas cambiais), superou a marca inédita de 90% do PIB em setembro. "A contração da atividade econômica e as medidas tomadas para suavizar o impacto da crise do coronavírus levarão a uma forte piora nos resultados fiscais de 2020, mas é fundamental que não sejam criadas despesas permanentes sem compensações, de modo que o ajuste fiscal gradual retomado de 2021 em diante", avaliou o banco Itaú, em relatório.
Já o IBGE divulgou que o desempregou saltou para a taxa recorde de 14,4% no trimestre encerrado em agosto, atingindo 13,8 milhões de brasileiros, com a população ocupada no país encolhendo para o menor patamar já registrado no país.
A taxa de juros em mínimas históricas também tem tornado o país menos atrativo para investidores internacionais, em razão do diferencial de juros na comparação com outras economias, reduzindo o fluxo de dólares para aplicações financeiras no país, o que também contribui para um patamar de câmbio mais alto.
(G1)