20/11/2015

Dólar

Dólar passa de R$ 3,90; BC segura alta

Segundo analistas, disparada da moeda indica que investidores não esperavam rebaixamento do Brasil tão cedo 

Incertezas quanto ao risco do país e o controle da inflação fazem subir também os juros para 2016 e 2021 

O mercado reagiu ao corte da nota de crédito do Brasil pela agência de classificação de risco Standard & Poor's aumentando a procura por dólares, fazendo com que a cotação chegasse a R$ 3,908 ao longo desta quinta (10). 

No fechamento, o dólar comercial (usado no comércio exterior) registrou alta de 1,36%, ficando em R$ 3,85. 

Já o dólar turismo, cujo preço é livre, chegou a ser vendido a R$ 4,35 nas casas de câmbio (leia abaixo). 

Para segurar a escalada da moeda americana, o Banco Central promoveu um leilão de venda de dólares com compromisso de recompra em janeiro e abril de 2016. Com isso, injetou US$ 1,5 bilhão no mercado. 

A declaração da agência de classificação de risco Fitch Ratings de que o Brasil ainda tem elementos para o grau de investimento (leia na pág. A11) também colaborou para reduzir a pressão de alta. 

As outras duas agências globais de risco (Fitch e Moody's), que ainda mantêm o grau de investimento do país, têm alertado, no entanto, para os problemas fiscais. 

O principal índice da Bolsa brasileira, que chegou a cair 2,28%, também reduziu o ritmo de queda após a declaração da Fitch e encerrou o dia em baixa de 0,33%, aos 46.503 pontos. 

As ações da Petrobras fecharam em baixa de 5,01%, a R$ 7,97. Os papéis da estatal caíam já no início do dia coma expectativa de um rebaixamento da nota da estatal pela S&P, confirmada no final do dia (leia na pág. A21). Já a Vale, com alta de 4,16%, contribuiu para uma queda mais amena da Bolsa. 

JUROS EM ALTA 

O mercado de juros também foi afetado pelo rebaixamento da nota de crédito do Brasil pela S&P. Com o rating do país em grau especulativo, a tendência é que investidores saiam do mercado brasileiro, reduzindo a oferta de dólares no país e pressionando a cotação da moeda. 

O dólar mais caro, por sua vez, pressiona os preços de matérias-primas cotadas em dólares e produtos importados, trazendo mais uma ameaça à inflação no país. 

"A alta do dólar prejudica a inflação, que já está elevada. O governo, neste caso, só tem duas opções: ou eleva ainda mais os juros ou reforça a sua intervenção no câmbio", afirma Reginaldo Galhardo, gerente de câmbio da Treviso Corretora. 

Com o aumento na probabilidade de alta da Selic, as taxas de juros futuros acompanharam de perto o movimento do dólar. Nesta quinta, o contrato de DI com vencimento em janeiro de 2016 fechou com taxa de 14,500%, ante 14,380% na última sessão. O DI para janeiro de 2021 apontou taxa de 15,150%, ante 14,740% no dia anterior. 

Segundo analistas, a reação negativa dos mercados refletiu uma surpresa com o momento da decisão da S&P, esperada para o final deste ano ou início do próximo. 

"A perda do grau de investimento não estava totalmente refletida nos preços dos ativos", diz Roberto Indech, analista da corretora Rico. Para ele, o cenário ainda dá margem para expectativas de que o dólar chegue aos R$ 4 no curto prazo. 

"Eu esperava que o dólar batesse os R$ 4 nos primeiros 30 minutos de pregão", diz o gerente de câmbio da corretora TOV, Fernando Bergallo. 

O banco de investimento JP Morgan estimou que o dólar chegará a R$ 4,10 até o final de 2015. No final de 2016, chegaria a R$ 4,35.  (ANDERSON FIGO e TATIANA FREITAS - Folha de S.Paulo)

Para melhorar a sua experiência utilizamos cookies essenciais e de acordo com a nossa Política de Privacidade, ao continuar navegando, você declara que concorda com estas condições.