Desenvolvimento econômico depende de Educação Financeira
Um estudo do Grupo de Pesquisas em Desenvolvimento do Banco Mundial, de 2016, mostrou que dois em cada três brasileiros são analfabetos financeiros. .Em 2020, a Educação Financeira passou a integrar a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e, agora, é obrigatória na Educação Infantil e no Ensino Fundamental.
De acordo com especialistas, a falta de conhecimento sobre finanças por boa parte da população adulta tem reflexo negativo no desenvolvimento econômico de todo o país. Para Raphael Cordeiro, consultor de investimentos, sócio da Inva Capital e professor da Universidade Positivo, conhecimentos sobre finanças pessoais são fundamentais para que a população economicamente ativa de um país tenha melhores condições de cuidar do próprio dinheiro. “No caso do Brasil, que tem números de empreendedorismo tão significativos, isso se torna ainda mais importante. Isso porque a pessoa tem que administrar as contas pessoais e as do próprio negócio. São dois fluxos de caixa”, explica.
Oferecer noções básicas de finanças desde cedo faz com que as crianças cresçam tendo mais consciência sobre a importância que atitudes como economizar, guardar dinheiro e investir têm no longo prazo. André Hayashi, coordenador e professor do MBA executivo em Finanças e Mercado de Capitais da FAE, afirma que a Educação Financeira é indispensável para que essas crianças, no futuro, tenham uma vida adulta saudável. “Os filhos aprendem com as ações dos pais. O ato de ter um controle, explicar para o seu filho que neste mês você não pode comprar determinado bem porque está guardando uma grana para a aposentadoria dele, por exemplo, é muito importante”. O especialista ainda aconselha a fazer planejamento financeiro junto com os filhos quando eles quiserem adquirir algo mais caro.
Para Cordeiro, a primeira noção que a criança tem que ter sobre o assunto é de que o dinheiro existe – e a segunda, é como se consegue o dinheiro. “Então, primeiro você ensina a ela que o dinheiro está no banco porque você trabalhou. Mais tarde, com cinco ou seis anos, você pode começar a ensinar a poupar o dinheiro e, só depois, falar sobre juros e inflação”, detalha. Ele destaca que não é necessário apressar-se ou pular etapas, porque os pais têm, na prática, quase duas décadas para criar a consciência financeira nos filhos.
Em um país desigual como é o Brasil, Hayashi lembra que é preciso democratizar o acesso à Educação Financeira para que todos tenham as mesmas oportunidades de desenvolver um espírito empreendedor. “Infelizmente, no Brasil, não são todos que têm essa oportunidade. Existem pessoas que batalham muito, mas, no final do dia, não podem, por exemplo, ir para a faculdade, porque têm que ajudar em casa. A realidade social impõe muitos desafios”, lamenta.
Ele afirma que a Educação Financeira vem para somar, mas também é fundamental garantir que as crianças e jovens tenham uma Educação formal de qualidade para que aprender sobre finanças seja eficaz. “Dessa forma, será possível criar um ambiente adequado para que as pessoas possam ajudar a construir um país economicamente mais forte”, ressalta.
Hayashi e Cordeiro falam mais sobre educação financeira e explicam como implementar a prática de dar mesada para as crianças no 13º episódio do podcast PodAprender, cujo tema é “Educação Financeira e Empreendedorismo na Educação Básica“. O programa pode ser ouvido no site do Sistema de Ensino Aprende Brasil (sistemaaprendebrasil.com.br), nas plataformas Spotify, Deezer, Apple Podcasts, Google Podcasts e nos principais agregadores de podcasts disponíveis no Brasil.
(Daniel Suzumura dos Santos - Jornal Dia a Dia)