25/04/2016

Desempregados já somam 10 milhões

Taxa de desemprego no País chega a dois dígitos: 10,2% no trimestre encerrado em fevereiro

Após meses de forte deterioração, a taxa de desemprego no País finalmente chegou aos temidos dois dígitos: 10,2% no trimestre encerrado em fevereiro. Foi o pior resultado da série histórica da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), iniciada no primeiro trimestre de 2012 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O número de desempregados alcançou o recorde de 10,371 milhões, um salto de 40,1% em apenas um ano, quase três milhões de pessoas amais em busca de uma vaga. Ao mesmo tempo, nesse período, 1,172 milhão de pessoas foram demitidas.

"O mercado de trabalho vai piorar sistematicamente até o fim do ano. A expectativa é de que a população ocupada só se estabilize em 2017. Até lá, vai haver mais demissão", previu Rafael Bacciotti, analista da Tendências Consultoria Integrada. O pico do desemprego deve ocorrer no começo do segundo semestre deste ano, podendo alcançar os 11%, estima a Tendências.

Apesar da tendência sazonal de criação de vagas temporárias no fim do ano, a consultoria acredita que a taxa de desocupação encerre dezembro ainda mais alta que agora, aos 10,8%. "A Pnad Contínua mostra uma força de trabalho com muito vigor ainda. Tem a volta ao mercado de pessoas que estavam apenas estudando ou na condição de que não estudavam nem trabalhavam, mas tem também as pessoas mais velhas que estão procurando emprego", disse Bacciotti, referindo-se aos indivíduos que buscam uma vaga para complementar a renda domiciliar.

Segundo Cimar Azeredo, coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE, após os sucessivos cortes de vagas a população ocupada voltou ao patamar de meados de 2013. "A queda na população ocupada foi extremamente agressiva. Muita gente perdeu o emprego. Além dos trabalhadores que foram contratados temporariamente, o corte seguiu em frente e pessoas que estavam efetivamente empregadas ficaram sem trabalho", apontou. Além de registrar diminuição no total de vagas, o mercado de trabalho também apresenta uma redução na qualidade do emprego dos "sobreviventes". O fechamento de 1,372 milhão de vagas com carteira assinada fez a informalidade voltar a crescer.

O trabalho por conta própria aumentou 7% no trimestre encerrado em fevereiro, na comparação com o mesmo período do ano anterior. O montante equivale a 1,522 milhão de trabalhadores amais nessa condição. O trabalho por conta própria pode ser formal ou não, mas é usado como uma espécie de sinalização da informalidade, por abrigar muitos trabalhadores em atividades precárias, com baixo rendimento e nenhuma formalização. "A maioria expressiva de trabalhadores por conta própria está voltada para a informalidade", afirmou Azeredo. O total de trabalhadores por conta própria dentro da população ocupada aumentou sua representatividade de 23,6% em fevereiro de 2015 para 25,6% em fevereiro de 2016. "A qualidade do emprego que permanece está sendo também afetada", definiu o coordenador do IBGE.

O aumento da informalidade ajuda a explicar também a redução nos ganhos do trabalho. O rendimento médio real do trabalhador ocupado recuou 3,8% em relação ao ano anterior, número prejudicado também pelo aumento no custo de vida e reajustes salariais abaixo da inflação.

"Mesmo as pessoas que continuam empregadas estão sofrendo perdas reais nos seus rendimentos por conta da inflação e pelo aumento de impostos", explicou o economista Marcel Caparoz, da RC Consultores. Com o encolhimento na renda e menos pessoas empregadas, a massa de salários em circulação na economia diminuiu 4,7% no período de um ano.

(Agência Estado)

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