16/06/2016

Crise é a mais intensa da história, diz Meirelles

O ministro da Fazenda, afirmou ontem que o Brasil vive a mais intensa crise de sua história

O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, afirmou ontem que o Brasil vive a mais intensa crise de sua história e o período de recessão deve superar o vivido nos anos 1930, quando o Produto Interno Bruto (PIB) caiu por dois anos seguidos em meio à Grande Depressão. Apesar disso, o ministro tentou transmitir uma mensagem positiva para o futuro, dizendo que a recuperação nos próximos trimestres pode vir mais forte do que o esperado inicialmente, caso o Congresso aprove as medidas anunciadas pelo governo.

"Estamos vivendo a crise mais intensa da história do Brasil. Vamos aguardar, mas não será surpresa se a contração deste ano for a mais intensa desde que o PIB (Produto Interno Bruto) começou a ser medido, no início do século 20, (uma recessão) até maior do que nos anos 30. É uma crise que gerou 11 milhões de desempregados. Então, temos que reverter esse processo", afirmou Meirelles, durante evento que reuniu o presidente em exercício Michel Temer (PMDB) e empresários de diversos setores no Palácio do Planalto.

Até hoje, as maiores quedas do PIB brasileiro foram de 4,3%, em 1981 e 1990. Na década de 1930, houve retração de 2,1% em 1931 e recuo de 3,3% no ano seguinte, segundo dados do Ipea e do IBGE.

Apesar do cenário ruim, o ministro afirmou que o governo está trabalhando em um "elenco muito forte de medidas" para a retomada do crescimento. "Não tenho a menor dúvida de que, no momento em que tudo isso seja aprovado pelo Congresso, chegaremos nos próxi- mos trimestres a retomar o crescimento de forma que pode surpreender", disse.

Segundo Meirelles, um dos esforços da equipe econômica é realizar um diagnóstico correto e preciso da situação e do que levou o País a esta crise. Isso porque, afirmou ele, diagnósticos equivocados no passado "le- varam a erros e causaram consequências graves à economia". Sem citar nomes, o ministro fez questão de diferenciar o novo governo da gestão da presidente afastada Dilma Rousseff (PT).

"Os senhores ouvem hoje (ontem) um novo discurso, um novo tom, uma nova direção. Di- reção que pretende de fato alterar o curso da economia brasileira, visando de fato a ter crescimento, mais oportunidade, maior renda. São intenções declaradas por todos os governos, mas este governo está tomando medidas concretas, avaliando as razões para a crise, para proporcionar um crescimento sustentável para o Brasil nas próximas décadas", discursou.

Meirelles voltou a dizer que "restaurar a saúde" das finanças públicas é fundamental e defendeu medidas como a fixação de um teto para as despesas, com crescimento limitado à inflação. Segundo o ministro, tal iniciativa por si só já contribui para melhorar a confiança no País. "Este processo começa a ser revertido quando o governo sinaliza que controla suas contas", disse.

Embora o novo governo ainda não tenha tirado do papel nenhuma das medidas do pacote econômico proposto, Meirelles encerrou sua fala aos empresários dizendo que "gosta de seguir a máxima: prometer menos, entregar mais".  

(Carla Araújo, Idiana Tomazelli e Tânia Monteiro - O Estado de S.Paulo)

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