19/01/2016

CPMF para acertar as contas

A grande preocupação do governo é com o número de pessoas fora do mercado de trabalho

Diante do aumento do desemprego no país, a presidente Dilma Rousseff afirmou sexta-feira que a grande preocupação do governo é com o número de pessoas fora do mercado de trabalho. Em café da manhã com jornalistas de agências de notícias no Palácio do Planalto, ela defendeu mais uma vez o aumento de impostos com o retorno da CPMF para reequilibrar as contas do país e retomar o nível de emprego. Dilma também disse que a reforma da Previdência tem um papel central para o futuro do país. Reafirmou que terá de ser feita com regras de transição e de forma lenta e gradual. "A grande preocupação do governo é a questão do desemprego. E é por causa disso que nós achamos que algumas medidas são urgentes. Reequilibrar o Brasil num quadro em que há queda de atividade implica necessariamente, a não ser que nós façamos uma fala demagógica, ampliar impostos. Eu estou me referindo à CPMF", afirmou.

"Acho que é fundamental para o país sair mais rápido da crise aprovar a CPMF, que é um imposto que se dissolve, se espalha por todos, de baixa intensidade, ao mesmo tempo que permite controle de evasão fiscal e ao mesmo tempo faz outra coisa, que é muito importante: tem um impacto pequeno na inflação, porque ele é dissolvido se você considerar os demais impactos". Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, divulgados ontem pelo IBGE, a taxa de desemprego no país ficou em 9% no trimestre encerrado em outubro. O resultado é o mais alto da série, iniciada em 2012.

IMPEACHMENT

Antes, a presidente foi questionada sobre o processo de impeachment contra ela que tramita na Câmara. Ela explicou que no presidencialismo não é possível depor o chefe de Estado por não simpatizar com ele, algo que pode ser feito no parlamentarismo, no qual o partido majoritário pode decidir trocar o primeiro-ministro quando há quebra de confiança. "Não se pode no Brasil achar que você tira um presidente porque não está simpatizando com ele. Isso não é nem um pouco democrático."

Dilma voltou a afirmar que as denúncias que têm saído por meio de delações premiadas referentes a ela própria e a ministros de seu governo são "repetições". "Essas denúncias são de vazamentos. A gente não sabe quem disse, quem falou, e se é garantido. Quem disse? É verdade que disse? Quem me garante que disse? E disse aquilo mesmo? E em que contexto?", perguntou. Ela também colocou à disposição todas as atas e decisões quando era presidente do Conselho da Petrobras, época em que foi comprada a refinaria de Pasadena (EUA).

PEDALADAS

Em entrevista de mais de uma hora a jornalistas brasileiros e estrangeiros, a presidente Dilma Rousseff disse que o governo pagou as pedaladas fiscais, mas não errou. "Nós não reconhecemos o erro porque, quando você não usa o cinto de segurança quando o cinto de segurança não era previsto na legislação, os 200 milhões de brasileiros não estavam cometendo um equívoco, simplesmente a legislação não previa. A mesma coisa aconteceu com o governo: a legislação não previa. Como o tribunal passou a prever, nós não queremos entrar nesse tipo de questão, então pagamos", explicou Dilma.

Foi o segundo café da manhã com jornalistas que Dilma fez este ano. A entrevista, que durou quase uma hora e meia, foi concedida a agências de notícias e revistas. Na semana passada, a presidente afirmou, no encontro com a imprensa, que o governo fará grande esforço para que 2016 seja melhor do que 2015 e que é possível voltar a ter uma inflação dentro da meta até o fim do ano. Ela avaliou que no ano passado as crises econômicas e política se retroalimentaram.

OPOSIÇÃO

O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG), divulgou uma nota criticando as declarações feitas pela presidente Dilma. "Falta clareza, como de costume, nos posicionamentos da presidente Dilma. Antes, ela dizia que seu governo não realizou manobras com as contas públicas, que era tudo uma invenção da oposição", diz o tucano no início da nota. "Agora, ela admite que as manobras ocorreram, fazendo uma curiosa alusão ao cinto de segurança." Aécio criticou o discurso petista do "nós contra eles" e diz que Dilma "se coloca como uma vítima". O líder do PSDB afirma que o governo precisa apresentar "um conjunto consistente de reformas estruturais". "Mas o governo não sabe o que fazer e a presidente Dilma não é a líder que o Brasil precisa para superar a enorme crise a que ela e seu governo nos levaram", concluiu. 

(Estado de Minas)
 

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