15/09/2016

Confiança impulsiona otimismo contido

Também sinaliza retomada tênue

Também sinaliza retomada tênue. Os empresários continuam confiantes em relação à recuperação da economia brasileira no curto prazo. É o que mostrou enquete realizada com 199 participantes da cerimônia de premiação do anuário "Valor 1000", realizada segunda-feira, em São Paulo. Dentre os consultados, 91% não pretendem demitir neste nem no próximo ano (61% devem manter o nível de emprego e 30%, contratar), ao passo que 65% esperam que o faturamento de suas empresas em 2017 seja maior do que neste ano - com 28% de expectativa de estabilidade e 7% de queda.

"A grande mudança é no nível de confiança", comentou José Galló, presidente da Renner. "Já temos o consumidor mais confiante, empresários mais confiantes. Isso, certamente, vai ajudar as coisas acontecerem, mas nós temos que entender que para que isso ocorra são necessárias mudanças nas variáveis microeconômicas, menos desemprego, aumento da renda familiar, da massa salarial. Vamos ter um fim de ano um pouco mais promissor."

"Estamos muito otimistas com a retomada da economia", disse Silvano Andrade, presidente da Mineração Rio do Norte (MRN). "A gente não consegue ver ainda sinais muito perceptíveis, ainda estamos em uma fase de turbulência política, mas daqui para frente as coisas tendem a caminhar mais no eixo." Para o presidente da Fibria, Marcelo Castelli, o momento é de resgate da confiança, o que não significa que isso vá se reverter em negócios. Alfredo Collado, diretor-geral da Carioca Engenharia, diz que o setor de construção pesada deve ser um dos últimos a experimentar a retomada. Pelas projeções da empresa, ela deve ocorrer a partir do segundo semestre de 2017 ou até mesmo em 2018.

"Acho que há indícios de retomada da economia", defendeu Rodrigo Galindo, presidente da Kroton. "O principal deles é a confiança do consumidor e do empresariado. Ambos subiram significativamente no último mês. Mas a gente não acredita que essa reação será rápida." O resultado da enquete também mostrou grande preocupação com o controle dos gastos públicos e com as reformas estruturais da economia. À questão "Qual deve ser a principal preocupação do governo?", 47% disseram que é a aprovação, no Congresso Nacional, do teto para gastos públicos. Aprovação da reforma da previdência (22%) e da reforma trabalhista (10%) vieram em seguida. Também apareceu com destaque na enquete a redução das taxas de juro, com 13% das respostas.

Outro sentimento comum é o da lenta retomada dos investimentos. "Não retomamos investimento, estamos sempre investindo", afirmou Francisco Tomazini, presidente do Grupo Tomazini, dono do frigorífico Friato. Também na Grendene não houve interrupção ou adiamento dos investimentos em função do ambiente político, disse o diretor financeiro da empresa, Francisco Schmitt. "Nosso plano de investimento foi mantido. É um plano de manutenção de capacidade", afirmou.

Graça Berneck, diretora comercial e de marketing da Berneck, disse que a empresa destinou a maior parte da produção para o mercado externo. "Este ano colocamos uma nova fábrica em marcha, estamos colocando essa produção no mercado. A gente não deixa de investir", comentou. "É lógico que a crise afeta, até os ânimos da indústria. Esperamos que no segundo semestre do ano que vem, a coisa comece a melhorar."  

(Valor Online)

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