Bolso: Preços nos supermercados subiram 1,75% em fevereiro
Inflação calculada pela Associação Paulista dos Supermercados e pela Fipe revela que o conflito Rússia-Ucrânia não impactou os preços no mês.
O Índice de Preços dos Supermercados (IPS), calculado pela Associação Paulista dos Supermercados (Apas)/Fipe, registrou 1,75% de inflação em fevereiro, acumulando alta de 12,57% nos últimos 12 meses. O índice mensal revela que o mês de fevereiro foi o último do ano sem os impactos da guerra na Ucrânia na economia. O efeito será conhecido a partir de março. Os preços em fevereiro são resultado de pressões especulativas sobre commodities, estoques, entre outras variáveis, que vinham ocorrendo desde o começo do ano.
É o caso do trigo, cuja cotação já apresentava volatilidade desde janeiro. Os preços internacionais do grão e a depreciação cambial do real respondem pela inflação de 2,30% na cesta de produtos panificados de fevereiro. O acumulado nos últimos 12 meses chegou a 12,50%.
O Brasil consome aproximadamente 12,5 milhões de toneladas anuais do grão. Como Rússia e Ucrânia representam 30% de todo o trigo negociado no mundo, a oferta do produto sofrerá um choque por causa da guerra, mesmo com as estimativas de que a produção local será 23% maior em relação à safra passada.
Segundo o estudo, “Na melhor das hipóteses, o Brasil seguirá importando cerca de metade do que consome, porque a ausência do produto no resto do mundo pode levar o produtor nacional a exportar a commodity que deveria abastecer o mercado interno.”
“Mesmo com o Governo Federal reincorporando a concessão de zerar a alíquota do Imposto de Importação do trigo, o preço do produto continuará subindo ao longo do mês de março e pelos próximos meses, num movimento similar ao que ocorreu com o arroz em 2020. Isso porque a desvalorização do real torna atrativo o trigo brasileiro para o mercado global, assim como o trigo argentino, estoque que historicamente abastece o Brasil. O movimento que deveria ter sido feito, antes mesmo de zerar a taxa de importação, era o de buscar um mecanismo que fizesse o trigo brasileiro ficar em território nacional para atender a oferta”, diz Rodrigo Marinheiro, executivo de Relações Institucionais da Apas.
O preço internacional dos fertilizantes, que já vinha em alta antes do conflito, tem impactado todo o custo de produção da cadeia agrícola. Essa pressão cresce exponencialmente com a guerra. Do total de fertilizantes importados pelo Brasil, 23% vem da Rússia. As sanções internacionais contra o governo Putin devem dificultar o trânsito de produtos russos pelo mundo e provocar uma alta geral nos preços.
Os hortifrutigranjeiros apresentaram inflação de 9,07% em fevereiro e 17,97% no acumulado dos últimos 12 meses.
A alta também é reflexo do elevado custo que já existia nos fertilizantes somado às alterações climáticas no Brasil, com diferentes regiões produtoras sofrendo pelo excesso ou falta de chuva, comprometendo lavouras e safras.
Na contramão das demais proteínas animais, a suína apresentou deflação de 7,21% nos últimos 12 meses. A redução nos preços é resultado do aumento de produção de 2021, que cresceu 4,86% em relação ao mesmo período do ano anterior.
Os preços das bebidas alcoólicas registraram em fevereiro inflação de 1,54%, e 4,78% nos últimos 12 meses. O destaque é a cerveja, que apresenta o maior peso entre os outros produtos do grupo e inflacionou 1,65% no mês. As bebidas não alcoólicas apresentaram inflação de 0,84% em fevereiro e 8,28% nos últimos 12 meses. A cesta de produtos de limpeza subiu 1,47% em fevereiro e acumulou 14,82% nos últimos 12 meses. E os artigos de higiene e beleza apontaram inflação de 0,24% em fevereiro e 11,37% nos últimos 12 meses.
(Monitor Mercantil)