15/07/2016

Após melhora, economia recua em maio

Depois de uma leve melhora em abril, a economia brasileira voltou a recuar em maio

Depois de uma leve melhora em abril, a economia brasileira voltou a recuar em maio. Nem o Dia das Mães, a melhor data para o comércio no primeiro semestre, salvou o resultado, de acordo com dados do Banco Central divulgados ontem. O Índice de Atividade do BC (IBC-Br), que funciona como um termômetro mensal da economia, recuou 0,51% em relação a abril, um resultado pior do que as expectativas. O indicador atingiu a menor marca dos últimos seis anos. Conhecido como "prévia do PIB (Produto Interno Bruto)", o IBC-Br atingiu 133,67 pontos em maio pela série que desconta os efeitos sazonais. 

O indicador só apresentou um resultado mais baixo em janeiro de 2010, quando ficou em 133,56 pontos. Com exceção do resultado de abril (0,07%), o IBC-Br apresenta quedas desde janeiro do ano passado. A retração em maio foi mais forte do que o recuo de 0,22% previsto por analistas do mercado financeiro. O economista-chefe do Banco Fator, José Francisco de Lima Gonçalves, estima retração do PIB de 3,3% este ano, na mesma linha do Banco Central e do mercado financeiro, registrado na pesquisa Focus. Se as previsões estiverem certas, os próximos meses devem mostrar números melhores da economia. A razão é que o resultado acumulado no ano mostra uma queda de 5,79%. 

A perspectiva é que os dados do terceiro trimestre indiquem alguma recuperação com o tradicional aquecimento da economia estimulado pelas vendas de fim de ano. A equipe de economistas do Bradesco disse em relatório a clientes que a queda mais profunda do IBC-Br de maio frustrou não só as estimativas do banco, mas a maior parte do mercado financeiro. "A despeito dessa queda, esperamos recuperação da indústria e do setor de serviços em junho, reforçando nossa expectativa de estabilidade da atividade no trimestre passado", escreveram os analistas da instituição. O Sul do País foi o principal responsável pela queda do IBC-Br com um recuo de1,14%, segundo o BC. Fundo do poço. 

Na avaliação de Claudio Considera, coordenador do Monitor do PIB da Fundação Getulio Vargas (FGV), a atividade econômica no País parece ter enfim chegado ao fundo do poço, mas a recuperação deve ser lenta. Os dados apurados pelo indicador mostram que o PIB brasileiro recuou 0,41% em maio ante abril, pior resultado desde setembro de 2015. Mas a taxa acumulada em 12 meses ficou menos negativa após mais de dois anos de deterioração contínua, passou de - 4,8% em abril para - 4,7% em maio, apontou o Monitor do PIB - FGV. "A economia está parada no negativo, parece que já chegamos ao fundo do poço", afirmou Considera. "Diante de uma taxa tão negativa, é difícil falar que estamos deixando esse fundo do poço, mas é porque ele é bem fundo mesmo. Acho que estamos caminhando nessa direção de começar a melhorar, embora muito lentamente", disse.

Na passagem de abril para maio, houve resultados melhores na indústria, mas o desempenho de serviços piorou. "Por conta do desemprego e da queda na renda da população, os serviços devem demorar a se recuperar", prevê Considera, que é pesquisador associado do Instituto Brasileiro de Economia da FGV (Ibre/FGV).   

(O Estado de S.Paulo)

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